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Justiça

"Me desculpe" e "muitas vezes errei": a versão arrependida de Bolsonaro no STF

Ex-presidente é um dos oito réus que vão prestar depoimento até sexta-feira e, segundo a PGR, é integrante do "núcleo crucial" da trama golpista

Bolsonaro presta depoimento junto com sete outros acusados de conspiração para anular os resultados das eleições de 2022Bolsonaro presta depoimento junto com sete outros acusados de conspiração para anular os resultados das eleições de 2022 - Foto: Evaristo Sá/AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou uma postura de arrependimento em alguns dos questionamentos ocorridos durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira.

Em um dos episódios, o ex-mandatário pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Corte por críticas feitas a ele em uma reunião ministerial em julho de 2022.

Bolsonaro está sendo ouvido no curso da ação que trata da trama golpista. Ele é um dos oito réus que vão prestar depoimento até sexta-feira e, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), é integrante do "núcleo crucial" da trama golpista.

Bolsonaro foi questionado por Moraes sobre declarações feitas em uma reunião ministerial a respeito dele e dos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, também integrantes da Corte.

— Não tenho indício nenhum. Era uma reunião para não ser gravada. Então, me desculpe, não tive intenção de acusar de desvio de conduta contra os três — disse Bolsonaro.

Em outro momento, Bolsonaro disse que está se "policiando":

— Eu sempre carreguei no linguajar. Tento me controlar, tenho melhorado bastante meu vocabulário. Acho que com 70 anos é difícil mudar muita coisa... E peço desculpas se ofendi alguém.

Ao tratar sobre as reuniões ministeriais que teriam discutido uma suposta minuta golpista, o ex-presidente negou ter "pensado em fazer algo ao arrepio da lei e da Constituição":

— As ilações sobre o que estava sendo tratado lá dentro corriam soltas. A gente lamenta as ilações. Mas, em nenhum momento, eu, o ministro da Defesa e os comandantes das Forças sequer pensamos em fazer algo ao arrepio da lei e da Constituição — afirmou Bolsonaro.

Em um terceiro momento, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, citou ataques de Bolsonaro a ministros do STF. O ex-presidente, então, disse que o PGR conhece o temperamento "explosivo" dele enquanto atuava no Congresso como deputado federal:

— Respondi a uns 20 processos de cassação lá dentro. (Sou) um pouco explosivo. Muitas vezes errei — afirmou.

Entre os principais pontos abordados no depoimento, Bolsonaro disse que nunca endossou uma minuta que previa golpe de estado e que não teria visto o documento, apenas “considerados”.

Ele negou ter debatido a prisão de autoridades e justificou a ausência na cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que evitaria “a maior vaia da história do Brasil”. Também reiterou críticas ao sistema eleitoral, afirmando ter “dúvidas” sobre o sistema das urnas eletrônicas. Moraes rebateu dizendo que “não há nenhuma dúvida” quanto à confiabilidade das urnas.

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