Michelle vai para evento sobre aborto na Câmara enquanto Bolsonaro participa de julgamento no STF
Ex-primeira-dama tem evitado comentar o cerco judicial envolvendo seu marido
A presidente do PL Mulher e ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, participou na manhã desta terça de um seminário contra o aborto na Câmara dos Deputados. O evento aconteceu ao mesmo tempo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu marido, estava no Supremo Tribunal Federal (STF) acompanhando uma etapa do julgamento sobre a existência de uma trama golpista contra o resultado da eleição de 2022.
Réu no STF, Bolsonaro é suspeito de liderar a trama e é ouvido na tarde de hoje pelo ministro Alexandre Moraes, responsável pelo caso na Corte. Michelle não comentou sobre o cerco judicial envolvendo o marido nas redes sociais e usou seu discurso no evento de hoje na Câmara para falar somente sobre aborto, o tema do evento.
O seminário realizado na Casa Legislativa foi iniciativa da Frente Parlamentar Mista Contra o Aborto, presidida pela deputada Chris Tonietto (PL-RJ). Além de Michelle e Tonietto, o encontro contou com a participação de outras parlamentares bolsonaristas, como a deputada Bia Kicis (PL-DF) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
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Em seu discurso, Michelle reclamou de “representantes legais” que seriam a favor do aborto, mas não citou nomes.
– Infelizmente temos representantes legais, temos discípulos de Herodes na nossa nação, mas também temos um exército de homens e mulheres aguerridos de fé e resiliência.
Em outro momento, ela citou um caso que é analisado pelo STF, mas que está sem perspectivas de ter uma conclusão, que pode liberar o aborto até a 12ª semana de gestação.
– Setenta e sete países já têm o aborto legalizado, mas iremos nos posicionar e não vai passar a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442 na nossa nação.
Michelle também disse que o assunto não faz parte de uma “luta partidária”.
–Não é luta partidária, não tem sigla, é pelo bem maior, porque Deus entregou nossos filhos, crianças como herança a cada um de nós e nós temos o dever de cuidar e protegê-las.
Pressionada pela bancada evangélica e outros setores conservadores da Casa, a Câmara chegou a ensaiar um movimento de restringir os casos de aborto que hoje são permitidos em lei.
No ano passado, os deputados aprovaram a urgência de um projeto de lei que endurece a legislação contra o aborto. O texto equipara o aborto a homicídio quando realizado após a 22ª semana. A medida proíbe inclusive o aborto em casos de estupro caso seja realizado depois desse período.
A urgência permite o texto ser colocado diretamente em plenário, pulando a fase das comissões, mas, diante de forte pressão popular contra a medida, o mérito do projeto nunca chegou a ser pautado pela Câmara.