Ataques à democracia

Moraes aponta indícios de mais de dez crimes em ordem de prisão de Jefferson

As condutas criminosas atribuídas ao investigado estão previstas no Código Penal

Alexandre Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Alexandre Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Na decisão que determinou a prisão e outras medidas contra o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), listou indícios de mais de dez crimes.

Um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro, o político foi preso nesta sexta-feira (13), no desdobramento das investigações sobre a atuação de uma quadrilha digital voltada a ataques contra a democracia.

As condutas criminosas atribuídas ao investigado estão previstas no Código Penal, nas leis que definem os crimes relacionados a preconceito de raça ou de cor e o crime de organização criminosa, na Lei de Segurança Nacional e no Código Eleitoral.
 



Foram listados pelo magistrado, entre outros tipos penais, injúria, calúnia e difamação, incitação e apologia ao crime, denunciação caluniosa ou atribuir a alguém a prática de ato infracional de que o sabe inocente com finalidade eleitoral.

De acordo com o ministro, os autos do inquérito demonstram que "uma possível organização criminosa –da qual, em tese, o representado [Jefferson] faz parte do núcleo político–, que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas".

Tal organização, afirmou Moraes, utiliza-se de uma rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura democrática e o estado de direito.

Na decisão de 38 páginas, o ministro mencionou vídeos divulgados nas redes sociais do PTB e compartilhados também pelo WhatsApp em que Jefferson fez afirmações com "o nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao Tribunal Superior Eleitoral e ao seu ministro presidente [Luís Roberto Barroso]'.

"As manifestações, discursos de ódio e homofóbicos e a incitação à violência não se dirigiram somente a diversos ministros da corte, chamados pelos mais absurdos nomes, ofendidos pelas mais abjetas declarações", afirmou.

De acordo com Moraes, o conteúdo se destina "a corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do estado de direito".
Disse ainda Moraes: "O representado pleiteou o fechamento do Supremo Tribunal Federal, a cassação imediata de todos os ministros para acabar com a independência do Poder Judiciário, incitando a violência física contra os ministros, porque não concorda com os seus posicionamentos".

Ao pedir autorizar para desencadear as ações que miram Jefferson, a delegada Denisse Dias Ribeiro, encarregada do inquérito da quadrilha digital, transcreveu cinco entrevistas concedidos pelo político em que foram abordadas essas questões.

Em nota, o diretório de São Paulo do PTB afirmou que soube pela imprensa da ordem de prisão contra Jefferson, não tendo tido acesso ao teor."

"Vale lembrar que o acesso à resolução e à integra dos autos é direito constitucional (nos termos da súmula vinculante nº 14, do Supremo Tribunal Federal), motivo pelo qual espera-se em breve ter acesso ao conteúdo do decidido", disse.

"Cumpre notar que o PTB e seus dirigentes sempre respeitaram e continuam a respeitar o Estado Democrático de Direito e a Constituição Federal, em todos os seus ditames", afirmou ainda no comunicado.

"Após acesso à decisão e à íntegra dos autos, o PTB-SP apresentará nova nota pública."

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