Moraes discute com Aldo Rebelo em audiência: "Se não se comportar, vai ser preso por desacato"
Rebelo foi indicado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), discutiu com o ex-ministro Aldo Rebelo nesta sexta-feira e afirmou que ele seria preso por desacato "se não se comportar".
— Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato.
Rebelo foi indicado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, um dos réus na ação penal que analisa um suposta tentativa de golpe de Estado.
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A discussão começou quando Rebelo analisava uma possível fala de Garnier, que teria colocado suas tropas "à disposição" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-ministro afirmou que a língua portuguesa admite forças de expressão e que a fala não deveria ser tomada de forma literal.
— É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão. A força da extração nunca pode ser tomada literalmente — afirmou, acrescentando: — Então, quando alguém diz "estou à disposiçã"o, a expressão não deve ser lida literalmente.
Moraes interrompeu e afirmou que, como ele não estava na reunião, não teria "condições de avaliar a língua portuguesa".
— O senhor não tem condições de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos.
Rebelo respondeu que não admitira "censura":
— A minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura — respondeu Rebelo.
O ministro do STF, então, citou a possibilidade de prisão, Rebelo afirmou que estava se "comportando" e a audiência foi retomada.
O STF não autorizou a divulgação de áudios, vídeos e imagens das audiências da ação penal.

