Moraes rebate críticas sobre uso de vídeos do 8 de janeiro durante julgamento da trama golpista
Ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete viraram réus por tentativa de golpe de Estado após eleições de 2022
Pouco antes de acabar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados réus por tentativa de golpe, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, rebateu críticas sobre o fato de ter usado vídeos com imagens dos atos de 8 de janeiro durante seu voto.
O magistrado atribuiu os ataques à atuação de uma "milícia digital".
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— Já tem gente dizendo que isso não está nos autos. Da mesma forma que eu poderia, no meu voto, descrever isso por escrito, poderia colocar áudio ou poderia colocar vídeo, porque tanto o Código de Processo Penal quanto o Código de Processo Civil permitem fatos notórios e públicos (nos autos). Todos esses fatos são públicos e notórios — disse Moraes.
A intervenção do magistrado ocorreu enquanto o presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, ainda concluia seu voto. A
denúncia sobre tentativa de golpe foi aceita por unanimidade pelo colegiado, com o placar de 5 a 0,
No início da sessão desta quarta-feira, Moraes exibiu um vídeo ao longo de seu voto mostrando cenas dos ataques de 8 de janeiro de 2023, qualificando o episódio como "guerra campal".
O material foi elaborado pelo gabinete do ministro, e mostrado no telão da sala onde ocorria o julgamento.
— É de uma falta de seriedade. Essa milícia digital já começou de novo. Ontem começou durante o julgamento e hoje de novo. Sei que pessoas sérias, profissionais sérios, vão ignorar isso porque já leram o código – afirmou Moraes, que agradeceu a Zanin pela menção ao material.
Embora não seja inédita, a exibição de vídeos durante as sessões de julgamento não é comum e faz parte de uma estratégia de Moraes para fortalecer os elementos trazidos na denúncia e relembrar os fatos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023.
O uso de vídeos mostrando a violência dos ataques golpistas ocorreu nos primeiros julgamentos sobre 8 de janeiro no STF.
Na terça-feira, Moraes já feito referências a "milícias digitais", investigadas pela Corte em outro inquérito. Ele acrescentou que não será aceita a atuação de organizações criminosas "nacionais ou estrangeiras":
— Nós sabemos que as milícias digitais continuam atuando, inclusive durante esse julgamento, tentando pegar trechos para montar. Porque a especialidade dessas milícias digitais é na produção e distribuição de fake news, para tentativa de intimidar o Poder Judiciário. Não perceberam que se, até agora, não intimidaram o Poder Judiciário, não vão intimidar o Poder Judiciário — disse ele.
O STF tem, desde 2021, um inquérito para investigar as chamadas milícias digitais.
A apuração é relatada por Moraes e deu origem a outras investigações, inclusive a sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, que levou à denúncia da PGR contra Bolsonaro.

