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Câmara dos Deputados

Motta se vê fortalecido após confronto com o governo e cita arsenal do Congresso para ataques

Presidente da Câmara diz a aliados que crise do IOF deu respaldo à condução do seu trabalho

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo MottaO presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dito a aliados estar "tranquilo" em relação aos ataques que vem recebendo nas redes sociais.

Após ter patrocinado a maior derrota imposta ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, com a derrubada do decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o parlamentar avalia que o confronto com o governo fortaleceu o seu papel como chefe da casa legislativa. Motta também avalia que dispõe de um arsenal de ferramentas para contra-atacar o Executivo, caso o Palácio do Planalto dobre a aposta nas críticas ao Congresso.

Desde o revés, o Palácio do Planalto e próprio Lula passaram a focar no discurso dos “ricos contra os pobres”. O argumento é que a medida do Executivo beneficiaria os menos favorecidos, e o Congresso agiu em benefício "da elite".

O tema de "justiça tributária" virou uma bandeira nas plataformas digitais, enquanto o governo acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a decisão dos parlamentares.

Neste momento, Motta enxerga o episódio como um momento crucial para fortalecer a sua imagem internamente, como defensor das prerrogativas parlamentares.

Depois dos primeiros meses de mandato, entre pleitos da esquerda e da direita, o deputado diz a interlocutores que a crise teve o poder de reunir os seus principais aliados.

Sobre os ataques nas redes, ele minimiza e diz a interlocutores que "um político de centro sempre vai apanhar". Mas, se a dose for desproporcional, ele lembra que o Legislativo tem ferramentas suficientes para retaliar.

Ele cita, por exemplo, que um eventual veto presidencial ao projeto de lei que aumenta o número de deputados federais seria derrubado pelo próprio Congresso. Aprovado na Câmara e no Senado na semana passada, o texto eleva em 18 o número de deputados federais, levando o total de 513 para 531.

Outro ponto levantado por Motta é o papel do Congresso em relação à organização dos prazos para debates e votações de Medidas Provisórias (MPs) enviadas pelo Planalto. Após 120 dias sem deliberação, uma MP perde a validade se não for apreciada. A aposta é que o governo não tentará novas medidas que tensionem esta relação.

Na quarta-feira, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, desautorizou, em postagem nas redes sociais, os ataques virtuais contra Motta. O líder do governo na Câmara, José Guimarães, fez o mesmo. A estratégia de intensificar o discurso de "ricos contra pobres" elevou a pressão sobre o Congresso nas redes.

A cúpula do Congresso não chegou a ser diretamente atacada por integrantes do governo, mas usuários ligados à esquerda intensificaram as críticas.

“O debate, a divergência, a disputa política fazem parte da democracia. Mas nada disso autoriza os ataques pessoais e desqualificados nas redes sociais contra o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, o que repudio. Não é assim que vamos construir as saídas para o Brasil, dentre as quais se destaca a justiça tributária. O respeito às instituições e às pessoas é essencial na política e na vida”, disse Gleisi.

A iniciativa governista de judicializar o decreto do IOF ocorreu após aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se valer de uma ação para tentar anular a decisão dos parlamentares. A medida foi criticada por lideranças do Congresso.

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