Nas urnas, diferença de cinco votos em Riacho das Armas
Eleições de 2016 mostraram Riacho das Almas literalmente dividido entre as duas candidaturas
Em 65 anos de fundação, nunca se viu a sua população ficar dividida, literalmente, ao meio. Na apuração, um distrito fez a diferença: Pinhões, terra da família de Rosendo.
Se tivesse conseguido seis votos a mais, teria derrotado o prefeito. Teoricamente, entretanto, quem ajudou o gestor a não sofrer um revés foi o empresário Alberes Gomes, do Solidariedade, candidato a prefeito pela chamada terceira via, que teve 353 votos, dos quais 48 contabilizados, justamente, em Pinhões, território que selou o destino das eleições no município. “Eu tirei mais votos de Dió do que, mesmo, de Mota”, afirma Gomes, que diz ter colocado sua candidatura como fator da verdadeira mudança.
Em relação às eleições de 2012, não há comparativo. Mota venceu por 770 votos, arrebatando a Prefeitura das mãos da família Rosendo, que reinou por 20 anos, implantando uma política coronelista, de apadrinhamentos e proteção familiar. Mota e Dioclécio se enfrentam no município em disputas equilibradas. Em 2008, o tucano levou a melhor, derrotando o socialista, que já havia vencido em 2004 por 73 votos, mas em 2012, Mota também ganhou.
Embora tenha governado o município por tanto tempo, com a chibata nas mãos, visto como um grande coronel, Diocleciano é acusado de forasteiro por Mota, pelo fato de não morar em Riacho das Almas, mas em Caruaru, onde, como médico, controla uma clínica. Já o filho Dió, derrotado por Mota, que já foi assessor do deputado estadual Antônio Moraes (PSDB), hoje mora em Belo Horizonte.
Mas Mota também é acusado de ter abandonado o município nos últimos anos, indo morar no Recife e, por isso mesmo, ter penado para emplacar a reeleição. “Ele só aparece em Riacho uma vez por semana”, revela o vereador José Hipólito (PSDB), um dos mais combativos parlamentares no município. Hipólito teve sua votação reduzida de 765 para 472 votos da eleição passada para esta por ter sido, segundo ele, perseguido pelo prefeito.
“Riacho está cheia de obras inacabadas, tem sete postos de saúde da família fechados, duas construções de ginásios polivalentes cujas obras patinam há mais de dois anos”, afirmou.Tanto o prefeito quanto seus adversários falam em compra de voto para justificar o resultado apertado da eleição. “O coronel não gastou menos de R$ 2 milhões para tentar me derrotar a todo custo”, afirma Mota. “Ele é que torrou todo o dinheiro da Prefeitura comprando votos”, rebate o vereador José Hipólito, que falou em nome de Dió por este não morar na cidade.