No STF, Bolsonaro lembra reunião que motivou denúncia de Moro e diz não houve mais gravação
Em interrogatório, ex-presidente disse que mudou hábitos após senador afirmar que gravação era prova de que tinha intervindo na PF
Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relembrou o episódio que, segundo ele, motivou a decisão de suspender a gravação das reuniões ministeriais em seu governo. A declaração foi feita em resposta a uma pergunta do ministro Luiz Fux, que o questionava sobre o vazamento de uma reunião em que autoridades foram alvo de críticas.
Assista ao vivo ao interrogatório:
Bolsonaro mencionou a crise provocada pela saída do então ministro da Justiça e hoje senador, Sergio Moro, em abril de 2020. À época, Moro acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Como parte da denúncia, Moro indicou que uma reunião ministerial gravada — posteriormente divulgada por ordem do STF — serviria de prova da suposta interferência.
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Segundo Bolsonaro, o episódio foi um divisor de águas na forma como o Planalto lidava com registros audiovisuais de encontros internos. Ele afirmou que, a partir daquele momento, determinou que não houvesse mais gravações das reuniões com ministros.
— A reunião (em que ofendeu autoridades) foi grampeada. Desde o episódio do Sergio Moro, que disse que a gravação era prova de que eu interferi na Polícia Federal... Aquilo era uma reunião reservada, não havia obrigação de gravação. Quando veio a denúncia do Moro, decidi: ninguém mais grava nada — declarou o ex-presidente.
O vídeo citado por Bolsonaro foi divulgado em maio de 2020, com autorização do então ministro do STF Celso de Mello. A reunião em que criticou magistrados ocorreu dois anos depois, em 5 de julho, quando questionou as urnas eletrônicas e acusou ministros de inércia.