O placar e a relação com a bancada
O potencial do governador de influenciar a bancada tem reflexo na relação dele com o governo Temer
Dos 141 votos dados pela bancada do Nordeste na PEC 241, 36 foram contrários à proposta e houve uma abstenção. As duas maiores bancadas são as da Bahia (36) e de Pernambuco (25). É do PT o governador Rui Costa, da Bahia, Estado também do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, articulador do presidente Michel Temer. Dos parlamentares baianos, 10 votaram "não". Entre os pernambucanos, o saldo de votos contrários foi menor: seis. Desse total, quatro são da bancada do PSB, partido do governador Paulo Câmara. O próprio chefe do executivo estadual deu declarações sugerindo maior flexibilidade ao Governo Federal no caso em questão e o PSB-PE emitiu nota contrária à matéria. Mesmo assim, dois deputados federais pernambucanos e socialistas - Fernando Bezerra Coelho Filho e Marinaldo Rosendo - ainda votaram "sim", na contramão da posição do governador. Além da Bahia, o Ceará também é governado por um petista, Camilo Santana, e a votação da bancada cearense foi mais balanceada, dos 19 votos, 11 foram "sim" e 8, "não". No caso de Pernambuco, houve estratégia traçada, ainda em maio, de intensificar a relação do governador com a bancada pernambucana. E a saída do deputado federal Danilo Cabral da secretaria de Planejamento deu-se no bojo dessa articulação para fazer o governador ter voz mais ativa na relação com a bancada. Paulo Câmara não anda satisfeito com o tratamento que Pernambuco tem recebido do governo Temer. Mesmo assim, dos 25 parlamentares do Estado, só seis votaram "não" e dois, Luciana Santos (PCdoB) e Wolney Queiroz (PDT), votaram assim, em razão da posição de seus partidos.
O day after
Após a contagem dos votos, houve, entre parlamentares socialistas quem ponderasse, nas coxias, que Tadeu Alencar, vice-líder da bancada, poderia se cacifar para assumir a liderança, mas que o voto dele, na contramão da maioria da bancada, teria o "inviabilizado". O líder, Paulo Folleto, orientou o voto "sim".
Banho de... > Nos bastidores do PSB, havia expectativa de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, trocasse o PSDB pelo PSB. A conversa é antiga, mas os planos persistiam. No entanto, a vitória de João Dória, no 1º turno, interferiu nessa perspectiva.
...água fria > O consequente fortalecimento do governador de São Paulo no PSDB, caiu como um balde de água fria sobre parte dos socialistas, que contavam com Alckmin para concorrer à Presidência da República.
Não desce 1 > A PEC 241 rendeu debate na Alepe. O deputado Waldemar Borges afirmou que o Governo Federal tem tratado os desiguais de forma igual. Lembrou que o Projeto de Lei da renegociação das dívidas dos estados privilegiou os "caloteiros", tratando de forma prejudicial aqueles que fizeram o dever de casa.
Não desce 2 > “Agora, as medidas tomadas nos gabinetes de Brasília, mais uma vez, não olham para os estados mais pobres, que, mesmo já tendo contingenciado seus gastos, a exemplo de Pernambuco, serão os que mais sofrerão com o congelamento proposto”, queixou-se.