Logo Folha de Pernambuco
EUA

O que é a Usaid e por que é alvo de ataque de Musk e Trump?

Elon Musk chamou à Usaid de uma "organização criminosa" e Trump ordenou uma pausa de três meses de ajuda externa

Manifestantes protestam em frente à sede da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) Manifestantes protestam em frente à sede da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid)  - Foto: AFP

Um dos principais alvos da campanha do presidente Donald Trump, a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), uma organização com décadas de existência responsável pela execução de programas de ajuda externa em todo o mundo, enfrenta dias nebulosos com a administração republicana.

Após Trump ordenar uma pausa de 90 dias de ajuda humanitária, o governo afastou dois principais oficiais de segurança da Usaid, o diretor John Voorhees e seu vice, por se recusarem a dar aos representantes do Departamento de Eficiência Governamental (Doge) de Elon Musk acesso aos sistemas internos.

"Usaid é uma organização criminosa", escreveu Musk em sua rede social X, ao responder a um vídeo no qual a agência é acusada de estar supostamente envolvida "em trabalhos sujos da CIA" e na "censura da internet".

O que é a Usaid?
A Usaid foi criada no auge da Guerra Fria, em 1961, sob o comando do presidente John F. Kennedy, com o propósito de coordenar a distribuição de recursos humanitários dos EUA para situações de conflitos ou emergências pelo mundo.

Ela atua principalmente com ONGs, governos estrangeiros e organizações internacionais ou até mesmo outras agências americanas.

Em 2023, a Usaid destinou mais de US$ 40 bilhões em doações — menos de 1% do orçamento federal, segundo os registros federais — fornecidas a cerca de 130 países. Os principais beneficiários foram a Ucrânia, a Etiópia, a Jordânia, a República Democrática do Congo e a Somália.

Cerca de dois terços dos mais de 10 mil funcionários da agência para o Desenvolvimento Internacional são estrangeiros.

Os projetos da Usaid incluíam a prestação de assistência a regiões atingidas pela fome no Sudão, o fornecimento de manuais escolares a crianças deslocadas na Ucrânia e a formação de profissionais de saúde no Ruanda, de acordo com uma versão arquivada do seu site.

A abordagem do governo dos EUA em relação à assistência ao desenvolvimento internacional surgiu na década de 1940 com o Plano Marshall, que forneceu ajuda para auxiliar os países europeus na reconstrução e estabilização da região após a Segunda Guerra Mundial.

Nas décadas seguintes, a Usaid passou a fornecer assistência adicional para apoiar o desenvolvimento da saúde e da educação e promover governos democráticos e mercados livres.

Em termos de financiamento, os programas de saúde passaram a ser a prioridade da agência desde a década de 1990, reforçados em 2004 por bilhões de dólares provenientes dos esforços do Departamento de Estado dos EUA para combater o HIV.

A saúde continuou a dominar os projetos da Usaid durante a pandemia de Covid-19, até ser superada pela assistência humanitária em 2022 e pela assistência à governança em 2023, como resultado do apoio à Ucrânia.

Por que ela está sendo atacada?
Definida por seus defensores como um braço indispensável da política externa dos EUA, que demonstra a boa vontade americana, estabiliza áreas de desastre e abre novos mercados para o comércio internacional, a Usaid não goza de prestígio com a nova administração da Casa Branca.

Trump fez da redução dos gastos e da eliminação do inchaço percebido no governo federal uma meta principal, com a ajuda externa diretamente em sua mira.

A exemplo disso, Elon Musk, um dos seus principais apoiadores, havia prometido cortar os gastos federais em US$ 2 trilhões.

Os aliados do republicano também atacaram o trabalho da Usaid, definindo-o como "corrupto", "esbanjador" e "de esquerda".

Na última semana, o Departamento de Estado prometeu revisar todos os programas de assistência externa e garantir que os gastos estejam alinhados com a agenda "America First".

Efeito Trump
Ao assumir o cargo, Trump emitiu uma ordem executiva congelando a assistência ao desenvolvimento estrangeiro dos EUA por três meses.

A medida causou caos nas fileiras do Departamento de Estado e da Usaid, que foram instruídos a pausar projetos mais antigos, incluindo o Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR), informou o The Post.

Dezenas de funcionários da agência foram colocados em licença administrativa pelo governo Trump, que ainda acusou a Usaid de tentar contornar o congelamento do financiamento.

Em resposta às medidas, o senador Charles E. Schumer escreveu no X na sexta-feira que qualquer movimento para dissolver a USAID seria ilegal.

Além dele, os senadores Jeanne Shaheen, Brian Schatz, Gregory W. Meeks e Lois Frankel assinaram uma nota conjunta que diz que o congelamento prejudicou a assistência energética para a Ucrânia e ajudou adversários americanos como a Rússia e a China.

O secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou uma isenção para programas que "salvam vidas", como o PEPFAR, mas as autoridades de assistência disseram que outros projetos permanecem no limbo e correm o risco de serem encerrados se o congelamento de verbas continuar, informou o The Post.

Veja também

Newsletter