Para gestores, deputados jogam para plateia, temendo desgaste
Governadores definem a postura de parlamentares como um "desserviço"
Os governadores têm feito a conta. Caso estados e municípios não sejam reincluídos na Reforma da Previdência haverá, ao final, 27 legislações estaduais e cinco mil municipais. No Palácio das Princesas, o governador Paulo Câmara tem externado, a pessoas próximas, que não tem problema em discutir Previdência. Mas, segundo palacianos observam, a dificuldade estaria relacionada aos deputados, que não teriam interesse em votar nada relacionado a servidor público estadual: temem o desgaste, reflexo dos efeitos da Reforma Trabalhista na eleição passada.
Há governadores do Nordeste definindo essa postura dos parlamentares como um "desserviço ao Brasil" e há quem considere que os gestores de executivos estaduais estariam servindo de "bode expiatório" aos deputados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já considerou que os estados e municípios podem ser reincluídos por meio de destaque em plenário. Mas, para isso, seria necessário compromisso de deputados ligados aos governadores de votar a favor da reforma. Um dos principais articuladores do movimento que pedia a manutenção dos governos locais no texto, o que acabou não ocorrendo, João Doria chegou a apontar falta de “atitude” e “voz de comando” por parte de governadores do Nordeste. A cobrança tem partido também de parlamentares defensores da reforma. Avaliam que os governadores não querem assumir o ônus. "As duas teses se somam. Há deputados que não querem se indispor com o servidor público estadual. Mas há a história de João sem braço dos governadores, de ficar com o benefício, mas sem colocar as bancadas para votarem. Há irritação com isso", argumenta um parlamentar em reserva. A bancada do PSB-PE tem sido citada como exemplo por vários deputados, que dirigem cobrança a Câmara. Segundo interlocutores, o socialista aguarda para decidir a estratégia, mas estaria pesando o fato de deputados não quererem o desgaste. Governadores têm dito que Maia e deputados andam "jogando para plateia".
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