Pedro Lucas diz que vai ouvir deputados do União Brasil antes de decidir se assume ministério
Parte da cúpula nacional do partido tenta manter deputado na liderança da Câmara
Um dia após ser anunciado como novo ministro das Comunicações, o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas (MA), disse nesta sexta-feira que vai conversar com os deputados do partido antes de decidir se aceita o convite para integrar o governo. Parte da cúpula da cúpula da legenda ainda tenta convencer o deputado a não aceitar o cargo para evitar uma guerra interna pela escolha do novo líder da sigla na Câmara.
“Agradeço a confiança em meu nome e ressalto que, conforme alinhado com o próprio presidente, qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo com a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados, da qual tenho a honra de ser o líder”, disse Pedro Lucas em nota.
O Palácio do Planalto, por meio da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciou ontem que o líder partidário irá para o ministério e que deve assumir o cargo no fim do mês. O prazo, segundo ela, foi pedido por Pedro Lucas para que pudesse resolver questões do seu mandato como deputado.
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Interlocutores do governo afirmaram ver na nota divulgada hoje apenas uma confirmação do que ele havia dito ontem, sobre a necessidade de pacificar o União antes de tomar posse. Para auxiliares de Lula, a questão deve ser resolvida pelo partido, sem interferência do Planalto.
Pedro Lucas é próximo do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, mas a escolha dele para o cargo no governo é atribuída a uma articulação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), nome do partido com maior proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Colegas de legenda de Alcolumbre dizem que o interesse dele em ter Pedro Lucas como ministro era abrir uma vaga na liderança do partido na Câmara e colocar o ex-ministro da pasta Juscelino Filho na função. A operação, no entanto, não conta com o endosso da maioria dos deputados do União e nomes como Moses Rodrigues (CE), Damião Feliciano (PB) e Mendonça Filho (PE) se movimentam para liderar o partido.
Para evitar essa disputa, integrantes do partido procuraram Pedro Lucas assim que o governo divulgou publicamente o convite para ele ser ministro para fazer com que ele não aceite o cargo enquanto a questão da liderança não for pacificada.
Juscelino saiu do Ministério das Comunicações após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suspeitas de desvios em emenda. O agora ex-ministro é próximo do presidente do Senado, que quer compensar o aliado pela perda do cargo na Esplanada.
De acordo com relatos de integrantes do partido, Alcolumbre queria uma solução rápida para o Ministério das Comunicações para evitar que o PSD aproveitasse o momento de uma possível reforma ministerial para pegar pastas que hoje estão com o União.

