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POLÍCIA FEDERAL

PF faz operação contra organização criminosa por fraude eleitoral, que usou atores em cenas de rua

Ação é desdobramento de investigação sobre esquema de teatro de rua criado para espalhar fake news e influenciar voto dos eleitores

Imagem de galpão onde, segundo a PF, eram realizados ensaios de atores envolvidos em esquemaImagem de galpão onde, segundo a PF, eram realizados ensaios de atores envolvidos em esquema - Foto: reprodução

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (16) uma operação contra uma organização criminosa suspeita de ter praticado fraude eleitoral, lavagem de dinheiro e destruição de provas. A ação é um desdobramento da investigação que prendeu, em setembro do ano passado, integrantes de um esquema que propagava informações e notícias falsas sobre candidatos durante as campanhas eleitorais do ano passado. Autoridades cumprem dez mandados de busca e apreensão, em endereços ligados aos investigados, em Cabo Frio (RJ), Itaguaí (RJ), Mangaratiba (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG).

Segundo a PF, a ação de hoje é um desdobramento de outra feita em setembro do ano passado, que prendeu quatro pessoas suspeitas de participarem de um esquema de contratação de atores para participarem de um teatro de rua, buscando influenciar o voto dos eleitores e desmoralizar candidatos rivais.

Entenda a origem da operação
Os atores improvisados que eram pagos para difamar candidatos pelas ruas de 13 cidades do Rio tinham aulas e ensaiavam falas que deviam usar.

O caso foi revelado pelo Fantástico em setembro do ano passado, quando o programa mostrou imagens de treinamentos realizados em galpões para que os contratados conseguissem influenciar as eleições. Eles eram orientados a dizer coisas como "Gastaram milhões naquela ponte. Para quê? E nossas crianças?".

Em outros momentos, os atores eram orientados a elogiar o candidato que contratava o esquema. Então, eles ensaiavam frases como "Eu tô (sic) com coração alegre com as propostas dele. Eu, como mãe, como filha". A investigação, em seguida, buscou identificar os atores e descobrir quem contratou a organização criminosa.

Um dos possíveis beneficiados teria sido o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), candidato à prefeitura de São João de Meriti. Ele aparece num vídeo dizendo que dois dos presos fizeram dele "um dos mais votados do estado do Rio de Janeiro". A polícia ainda achou um arquivo do grupo chamado "Valdecy campanha teatro". Ao Fantástico, ele afirmou que não tem relação com os fatos e que não é investigado no inquérito.

O grupo, segundo as investigações, montou um esquema de contratação de pessoas que recebiam instruções de coordenadores para propagar fake news sobre um determinado candidato. Os contratados, que recebiam cerca de R$ 2 mil mensais cada, se infiltravam em locais com aglomerações de pessoas, como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, para difundir aos eleitores falsas afirmações sobre os adversários políticos de seus contratantes. Os coordenadores do esquema tinham um salário de R$ 5 mil.

Durante a primeira parte da operação, foram presos Bernard Rodrigues Soares, Roberto Pinto dos Santos, André Luiz Chaves da Silva e Ricardo Henriques Patrício Barbosa. Eles teriam atuado nas cidades de Araruama, Belford Roxo, Cabo Frio, Carapebus, Guapimirim, Itaguaí, Itatiaia, Mangaratiba, Miguel Pereira, Paracambi, Paraty, São João de Meriti e Saquarema.

O grupo também é acusado de produzir notícias falsas usando a marca do G1 e até um vídeo falsificado com o William Bonner dizendo uma informação que nunca existiu. Eles também são suspeitos de desviar dinheiro público com cargos comissionados em diferentes prefeituras.

As defesas de Roberto e Bernard negaram a participação dos dois nos crimes. Já a advogada de Ricardo não quis comentar a prisão e o defensor de André Luiz não quis comentar o caso.

 

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