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BRASIL

PGR vê indícios de que Gilson Machado tentou atrapalhar ação da trama golpista

Procuradoria defende investigação no STF

Sede da Procuradoria Geral da RepúblicaSede da Procuradoria Geral da República - Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que há "elemento sugestivos" de que o ex-ministro Gilson Machado Neto atuou para atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, ao tentar conseguir um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid. A PGR afirmou que a atitude pode configurar obstrução de investigação e favorecimento pessoal e defendeu a abertura de uma investigação. Machado nega.

"(As informações da PF) apresentam elementos sugestivos de que o Sr. Gilson Machado Guimarães Neto, que exerceu o cargo de Ministro de Estado do Turismo durante a gestão do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, esteja atuando para obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso", escreveu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Gonet, essa atuação ocorreu "possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu Mauro Cesar Barbosa Cid, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".

A ação penal 2.668 analisa uma suposta tentativa de golpe de Estado e tem Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os réus.

A manifestação da PGR foi feita após a Polícia Federal (PF) relatar que Machado procurou o Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para conseguir o passaporte de Cid, mas que não teve sucesso. Há a suspeita, contudo, de que ele pode procurar outras embaixadas ou consulados com o mesmo objetivo, para que o tenente-coronel deixe o país.

Procurado, Machado negou que tenha procurado o consulado em busca de um benefício para Cid.

— Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai — afirmou o ex-ministro.

A PGR defendeu que a apuração dos fatos deve ser complementada, especialmente para saber se o ex-ministro procurou outras representações diplomáticas.

"Não obstante o que se colheu sobre a materialidade e autoria dos possíveis crimes investigados, a análise das informações reunidas pela Polícia Federal indica a necessidade de complementação das diligências investigavas, a fim de possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre a autoria das condutas apuradas, especialmente em razão da provável possibilidade de que o requerido esteja empregando esforços junto", avaliou Gonet.

Machado foi ministro do Turismo durante o governo de Bolsonaro e continua próximo do ex-presidente. No ano passado, concorreu à prefeitura de Recife pelo PL, mas ficou em segundo lugar.

Recentemente, ele iniciou uma campanha de arrecadação de recursos para Bolsonaro. Em depoimento à PF na semana passada, o ex-presidente afirmou que a campanha foi feita sem seu conhecimento e que Machado arrecadou R$ 1 milhão.

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