PL ainda não instaurou processo de expulsão contra deputado que fez 'L de Lula' com ministros
Presidente do diretório estadual do Ceará afirmou que Yury do Paredão será ouvido antes de qualquer punição
O presidente do diretório estadual do PL no Ceará Acilon Gonçalves afirmou nesta terça-feira que o procedimento interno que pode culminar na expulsão do deputado federal Yury do Paredão ainda não foi aberto. Ao Globo, ele afirmou que a sigla irá ouvir o parlamentar antes de tomar qualquer decisão.
— Cumprindo a orientação da Direção Nacional, será aberto processo de investigação sobre fidelidade partidária. O diretório irá escutar as partes envolvidas e o resultado da investigação será anunciado, após amplo direito ao contraditório. Caso haja a prova de culpa, a punição será aplicada — disse Acilon Gonçalves, prefeito de Eusébio, localizada há mais de 400 quilômetros de Juazeiro do Norte, reduto eleitoral de Yury.
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O parlamentar cearense esteve em agenda com integrantes do governo Lula (PT) na última quinta-feira. Na ocasião, ele fez o "L'", símbolo em alusão ao presidente que ficou conhecido nas eleições, ao lado dos ministros Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional). A fotografia veio à tona após ser publicada na coluna do jornalista Paulo Cappelli.
Horas após a divulgação, o presidente nacional do Partido Liberal (PL) afirmou que a sigla irá abrir um procedimento de expulsão — o que ainda não ocorreu. "Ao que tudo indica, o parlamentar licenciado parece não comungar com os ideais do Partido Liberal", escreveu Valdemar Costa Neto no Twitter.
Recentemente, há duas semanas, o parlamentar pediu licença do seu mandato. Para a Câmara dos Deputados, ele solicitou nesta quarta-feira o afastamento por quatro meses para "tratar de interesse particular".
Em maio deste ano, Yury do Paredão desagradou os dirigentes do partido ao comparecer a um evento com Lula. Desde o início de seu mandato, o parlamentar fez acenos ao governo federal. Em fevereiro deste ano, quando o Planalto articulava para evitar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro, ele chegou a retirar sua assinatura do requerimento.
— Tenho uma posição de independência do PL, sempre estive aberto ao diálogo e focado principalmente na democracia. Com certeza terei discordâncias com qualquer governo, mas a política tem que performar em cima de pautas. Ser oposição ferrenha vai atrapalhar o andamento das melhorias — disse em entrevista.
Procurado, Yury do Paredão não respondeu o contato da reportagem.