Prazo esticado para Temer e para deputados do PSB
"Esqueceram de combinar com os russos", observa um parlamentar do PSB, em reserva
A sessão, no TSE, será retomada hoje, mas, no Congresso Nacional, as sinalizações dadas pelos ministros Gilmar Mendes, Napoleão Nunes Maia e Admar Gonzaga, ontem, já rendem cálculos de que, no mínimo, a corda será esticada de forma que, talvez, a política possa resolver o assunto. Após a divulgação da delação de Joesley Batista, da JBS, muitos julgaram que seria questão de dias para o peemedebista renunciar. Com base nisso, alguns partidos chegaram a arriscar suas fichas, caso do PSB, que exigiu a saída do ministro Fernando Filho da gestão, o que não se concretizou. Se Temer tivesse caído, os processos que chegaram ao conselho de ética da sigla poderiam até ter perdido o objeto, segundo projeções de alguns socialistas. A iniciativa de colocar parlamentares contra a parede se dera numa perspectiva de um desfecho mais imediato do caso Temer, o qual não veio e, agora, parece ainda mais distante.
A renúncia não ocorreu, deu-se recurso da defesa do presidente pela suspensão das investigações no STF, a defesa dele voltou atrás e seguiu-se nova etapa da luta no TSE. Agora, boa parte dos parlamentares acredita que as coisas se encaminham na direção de uma sobrevida para Temer. Para o PSB, a solução menos traumática, que seria a perda do objeto da ação contra deputados e ministro, não se consolidou e o próximo passo, na corrida de obstáculos do presidente, caso o TSE não o degole, será aguardar a denúncia de Rodrigo Janot. Até lá, no PSB, o prazo para aqueles que votaram a favor da Reforma Trabalhista também vai ficando elástico. "Esqueceram de combinar com os russos", observa um parlamentar da sigla, em reserva.
Na alegria e na tristeza
Após o segundo dia de sessão no TSE, a presidente nacional do PCdoB, a deputada Luciana Santos, eliminou dúvidas que nutria. "Uma certeza que eu tenho é de que não vão fazer o que estavam armando: condenar Dilma e salvar Temer. Isso aí morreu".
Tudo ou nada: Na análise da comunista, as decisões estão "contaminadas pela luta política". Luciana projeta: "Ou absolve ou cassa a chapa toda. Haveria mais votos para absolver".
Interrogação: A posição do ministro Luiz Fux no julgamento da chapa Dilma-Temer era definido, ontem, por parlamentares, como uma "incógnita".
Nem abalou: Detalhe: A despeito da dimensão do julgamento, considerado o mais importante da história do TSE, Fux manteve de pé, ontem, o lançamento do seu livro "Jurisdição constitucional II - Cidadania e direitos fundamentais".
Devagar: Os ministros do TSE chegaram a cogitar realizar uma sessão na noite de ontem, mas a ideia foi descartada a pedido do relator, Herman Benjamin, que alegou estar se recuperando ainda de problema respiratório.
Hora H: Ainda que sejam necessários 308 votos para aprovar a PEC de Miro Teixeira, a aposta de integrantes da Frente Parlamentar Mista por Eleições Diretas é a seguinte: acredita-se que, na hora do voto, os parlamentares não terão coragem de votar contra.
Nem um pio: Há quem aposte na conquista de votos do PSDB, sigla que foi chamada, ontem, por Glauber Braga de "Partido do Silêncio do Brasil", em referência à falta de defesa do governo Temer por parte dos tucanos.