Ter, 09 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Banco Master

Relator da CPI do Crime Organizado critica voo de Toffoli com advogado do caso Master

'Temos ministros que acham normal caronas em jatinhos', disse Alessandro Vieira

Senador Alessandro Vieira, relator do Projeto Antifacção Senador Alessandro Vieira, relator do Projeto Antifacção  - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da CPI do Crime Organizado, afirmou nesta terça-feira que a infiltração de organizações criminosas nos Poderes da República ocorre em "gabinetes e escritórios de Brasília".

— O crime organizado não é o preto pobre armado na favela, isso é o sintoma. O crime organizado é aquilo que a gente vê aqui em Brasília infiltrado em gabinetes, escritórios e várias atuações — disse o senador durante audiência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Ao falar sobre as conexões do crime com autoridades, Vieira fez uma crítica indireta à postura do ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli de pegar uma carona em um jatinho acompanhado de um advogado do caso Master, do qual ele virou relator na Corte. O caso foi revelado pela coluna de Lauro Jardim no último fim de semana.

--- Temos ministros que acham normal, cotiano, caronas em jatinhos pagos plo crime organizado. Não é surpresa. Gente investigada pelo crime organizado. O cara entra no jatinho, vai para uma viagem paga pelo crime organizado. Acessa a um evento de luxo pago pelo crime organizado. E retorna a Brasília para julgar um caso na Corte Superior --- afirmou ele, sem citar nominalmente Dias Toffoli.

De acordo com o senador, há um "ponto de infiltração muito claro e estabelecidos do crime organizado em relação aos Poderes Brasileiros". 

Leia também

• Saiba quem é o empresário que levou Toffoli e advogado do caso Master à final da Libertadores

• Toffoli voou em jatinho com advogado de diretor do Banco Master para ver final da Libertadores

• CPI do INSS aprova convocação e quebra de sigilos de Vorcaro, dono do Master

--- E se dá por meio do lobby e da advocacia que se sustenta em parte da venda de acesso a gabientes. Eu citei um exemplo da Suprema Corte, mas poderia usar um exemplo do Senado da República. Tem campanhas financiadas pelo crime organizado. Esse é um país que já teve presidente, governador, senador, deputado, governador, prefeito, vereador presos. Mas não tivemos nenhum ministro das instâncias superiores presos. Me parece que esse momento se avizinha --- disse Vieira, perguntando a Lewandowski "quais soluções nós teríamos para esse cenário".

Lewandowski evitou tratar de um caso específico, disse condenar "qualquer desvio ético" por parte do Poder Judiciário e defendeu que seja "aperfeiçoado" o financiamento de campanha eleitoral.

--- É preciso um controle maior dessas verbas, desses fundos bilionários eleitorais. Eu cheguei a aventar até a ideia de um tribunal de contas para fazer o controle dessas verbas --- sugeriu Lewandowski.

Diante da declaração contundente do relator sobre o envolvimento de senadores com o crime, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) questionou Vieira se ele não gostaria de retificar a fala para não generalizar os atos de 81 senadores. Vieira manteve a sua posição, dizendo que ela se direcionava a parlamentares que fazem lobby para bets e bancos envolvidos em investigações criminais.

--- Quem trabalha para bet é financiado pelo crime organizado. Quem trabalha para lobby de banco que rouba aposentado é financiado pelo crime organizado --- disparou o parlamentar.

Veja também

Newsletter