ONU

'Se a mídia está criticando, é porque discurso foi bom', diz Bolsonaro sobre fala na ONU

A declaração ao chegar ao Palácio da Alvorada, gravada em vídeo, foi a a segunda menção que o presidente fez à própria fala na ONU

Jair Bolsonaro (sem partido) em discurso à ONUJair Bolsonaro (sem partido) em discurso à ONU - Foto: HANDOUT / BRAZILIAN PRESIDENCY / AFP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu no fim da tarde desta terça-feira (22) o discurso que fez na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Se a mídia está criticando, é porque o discurso foi bom", disse a um apoiador que tentou estabelecer uma relação de corroboração entre a fala de Bolsonaro e a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A declaração ao chegar ao Palácio da Alvorada, gravada em vídeo, foi a a segunda menção que o presidente fez à própria fala na ONU. Assim que encontrou os apoiadores, Bolsonaro perguntou sobre o discurso, mas a claque preferiu continuar dizendo de que estados era oriunda.

O presidente utilizou a oportunidade de falar a chefes de diversas nações para reprisar a tese de que é vítima de uma campanha de desinformação e defender as políticas de seu governo diante da pandemia de coronavírus e das queimadas que devastam a Amazônia e o Pantanal.

A agência de checagem Lupa classificou quatro declarações como falsas, cinco como exageradas, duas como insustentáveis (não há dados públicos que comprovem a informação) e duas como verdadeiras.

Bolsonaro afirmou que, desde o início da crise, destacou que tanto o vírus quanto o desemprego "precisavam ser tratados igualmente" e acusou parcela da imprensa brasileira de disseminar o pânico em relação à pandemia da Covid-19.

O presidente elencou medidas de seu governo, como o auxílio emergencial, e jogou a responsabilidade das regras de isolamento aos governadores -a pandemia já matou mais de 136 mil pessoas no país- como estratégia para se eximir das consequências da crise.

O presidente afirmou ainda que as riquezas da Amazônia despertam interesses estrangeiros e escusos e é por isso que, em sua visão, o governo é vítima do que chamou de "brutal campanha de desinformação" -ele seguiu minimizando os incêndios e negando que conduza uma gestão ambiental negligente.

Segundo Bolsonaro, as queimadas se dão por condições naturais inevitáveis ou pela atuação de índios e caboclos. O presidente disse ainda que os focos de incêndio criminosos "são combatidos com rigor e determinação" e que tem "tolerância zero com o crime ambiental".

Ele não fez qualquer menção ao aumento no número de queimadas na Amazônia e no Pantanal.

De acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até 21 de setembro, a Amazônia registrava 27.660 focos de queimada, número maior que em todo o mês de setembro do ano passado (19.925 focos). No Pantanal, o órgão aponta 5.966 focos ativos detectados pelo satélite de referência até 21 de setembro ante 2.887 em todo o mês de setembro de 2019.

A França, assim como outros países da União Europeia, quer impor condições ambientais para que as negociações do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul tenham seguimento.

Nesta terça, o Itamaraty e o Ministério da Agricultura divulgaram uma extensa nota para rebater o governo francês. O governo diz que um eventual fracasso do acordo vai aumentar devastação da Amazônia.

Após dedicar grande parte do discurso à defesa de suas políticas internas, Bolsonaro ampliar o escopo do discurso com os habituais acenos a Trump e ataques à Venezuela -citando uma tese não comprovada de que o derramamento de óleo no litoral brasileiro foi causado de forma criminosa pelo país vizinho.

Por fim, reforçou a imagem do Brasil como um país cristão e conservador e fez um apelo à comunidade internacional ao que classificou como defesa da "liberdade religiosa e do combate à cristofobia".

Veja também

Ministros do STF avaliam como frágeis explicação de Bolsonaro sobre estadia em embaixada da Hungria
JAIR BOLSONARO

Ministros do STF avaliam como frágeis explicação de Bolsonaro sobre estadia em embaixada da Hungria

Moraes manda soltar três coronéis da PM do Distrito Federal acusados de omissão no 8 de janeiro
STF

Moraes manda soltar três coronéis da PM do Distrito Federal acusados de omissão no 8 de janeiro

Newsletter