Logo Folha de Pernambuco

Política

'Se você quer aplicar a lei, é chamado de fascista', diz Moraes, do STF

Segundo o ministro, o país precisa superar traumas da época da ditadura militar

Alexandre de Moraes concedeu liminar que suspende exigências do ProfutAlexandre de Moraes concedeu liminar que suspende exigências do Profut - Foto: EVARISTO SA / AFP

Em palestra para juízes criminais na noite desta quinta-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que magistrados que aplicam a lei são chamados de fascistas, enquanto molengas são considerados progressistas.

Leia também
Jungmann diz que munição que matou Marielle foi roubada da PF na Paraíba
Dodge desiste de PF no comando de investigação sobre morte de Marielle
Deputado defende federalização do caso Marielle
Polícia identifica placa e suspeita de um 3º carro em morte de Marielle


Segundo o ministro, o país precisa superar traumas da época da ditadura militar (1964-1985) que têm conduzido a uma situação de total insegurança pública. As declarações foram dadas um dia após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), episódio que foi citado pelo ministro.

"No Brasil se confunde moleza com pessoas progressistas. Se você é molenga, você é amada pela mídia e é progressista. Se você quer aplicar a lei, quer fazer justiça, você no mínimo é chamado de fascista. Isso é um pós-conceito absurdo, que até se justificaria, ou justificava, logo após a ditadura militar", disse Moraes.

"Não há segurança pública sem Justiça criminal. Nós precisamos afastar algumas ideias, alguns traumas que o Brasil vem repetindo. Nós temos 30, 32 anos de reabertura democrática, mas é repetido que qualquer tratamento rigoroso com criminalidade é questão de ditadura."

As declarações geraram aplausos da plateia que assistia à palestra de abertura do 2º Fórum Nacional de Juízes Criminais, realizado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. O ministro Dias Toffoli também foi um dos palestrantes.

Moraes defendeu uma mudança de mentalidade que, para ele, deve começar primeiro com a valorização da Justiça criminal. Ele foi secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo no governo Geraldo Alckmin (PSDB) e ministro da Justiça do presidente Michel Temer antes de assumir uma cadeira no STF, em março do ano passado.

O ministro afirmou também que a base da legislação penal brasileira, oriunda da década de 1940, está defasada, porque não se adequou para combater o crime organizado.

"Se pegarmos no Brasil, pode quebrar tudo. Pode quebrar tudo. E se houver alguma forma de atuação, quem atuou é o fascista. Porque a legislação vai sendo aplicada, mas fomos no país nos tornando lenientes na aplicação da lei. Fomos nos tornando, infelizmente, parceiros da não aplicação", disse.

Horas antes da palestra, durante a sessão do Supremo, Moraes declarou que Marielle foi "vítima da mais cruel e covarde forma de discriminação, que é a eliminação física".

Veja também

STJ autoriza cultivo de cannabis para fins medicinais
STJ

STJ autoriza cultivo de cannabis para fins medicinais

É irresponsabilidade colocar presidente em avião com problemas, diz Janja após pane
AVIÃO PRESIDENCIAL

É irresponsabilidade colocar presidente em avião com problemas, diz Janja após pane

Newsletter