Logo Folha de Pernambuco

PARTIDO

Sem apoio de Ciro, Cid Gomes assume liderança do PDT no Ceará com licença de André Figueiredo

Deputado anunciou que deixará o cargo por quatro meses; Ciro Gomes apoiava permanência de Figueiredo à frente do diretório estadual

Ciro Gomes e Cid Gomes Ciro Gomes e Cid Gomes  - Foto: Brenno Carvalho e Roque de Sá/Agência Senado

Após um racha interno no PDT, o deputado federal André Figueiredo se licenciou nesta sexta-feira do cargo de presidente do diretório municipal do Ceará. Em seu lugar, o senador Cid Gomes assumiu o posto, apesar da falta de apoio de seu irmão — o ex-governador e candidato à Presidência em 2022, Ciro Gomes. Mesmo com acordo estadual, Figueiredo segue no comando interino da sigla, na esfera nacional.

Nesta sexta-feira, os dois políticos se reuniram na Assembleia Legislativa do Ceará, onde anunciaram a finalização do acordo. As tratativas ocorreram durante toda a semana:

— Senador Cid assume agora a presidência estadual do PDT até dezembro, onde faremos uma convenção. Nos próximos quatro anos estaremos juntos em uma chapa — disse Figueiredo.

Anteriormente, Cid, Figueiredo,o presidente nacional licenciado, o ministro da Previdência Social Carlos Lupi, e toda a bancada do PDT haviam se reunido em Brasília.

Com Cid no comando do diretório de forma interina, o senador focará no fortalecimento das eleições municipais, no intuito de costurar um acordo com o PT no Ceará.

— É importante que a gente faça um esforço estadual para que a gente conversar com todos os partidos e buscar entendimentos para construir alianças — afirmou Cid.

O movimento é rechaçado por Ciro, que visa a independência da sigla e defende uma chapa puro-sangue.

Na quarta-feira, em declaração à imprensa, Cid teceu críticas ao irmão e afirmou que a relação de fraternidade chegou ao fim.

— Para mim o que havia de mais importante era a fraternidade do Ciro em relação a mim. Pelo visto, está perdida. Pelo visto, está perdida. Bom, vamos pra frente, mas assim, eu continuo na minha disposição firme de entender que problemas familiares se resolvem internamente, se resolvem em família — disse o senador.

Saiba: Lula volta a falar em reeleição em entrevista em SBT, um dia após reunião com filhas de Sílvio Santos

Como noticiou o Globo, a disputa interna tem influencia das eleições municipais do ano que vem em Fortaleza. O grupo de Ciro defende a reeleição do atual prefeito, Sarto, que tem sido alvo de críticas dentro e fora do PDT.

Recentemente, perdeu apoio popular por crises, como a gerada pela taxa do lixo, cobrança aprovada pela Câmara Municipal em dezembro passado, mas suspensa por decisão judicial. O projeto criou um imposto com valores de R$ 258 a R$ 1.600 por ano para imóveis da capital, baseado na quantidade de lixo produzido.

Já Cid aposta novamente num discurso conciliador e de retomada da aliança com o PT.

— Fazemos uma comparação: Fortaleza vinha sendo muito bem avaliada na gestão de Roberto Cláudio, vinha imprimindo um ritmo alto de ações. Não há dúvidas de que era melhor (que a gestão de Sarto). Creio que antes de se pensar em reeleição, precisamos pensar em projeto político. O nome é consequência, temos primeiro que fazer essa reaproximação — afirmou o senador ao Globo.

Por mais de 20 anos, PDT e PT formaram uma aliança na capital e no estado. O rompimento ocorreu no ano passado, após a recusa de Ciro em se atrelar à figura de Lula nos palanques estaduais. Diferentemente do irmão, Cid declarou voto na disputa contra Bolsonaro, no segundo turno das eleições.

Veja também

Newsletter