SENADO

Senado encerra investigação interna sobre suspeita de 'rachadinha' no gabinete de Alcolumbre

O senador Alessandro Vieira foi ao STF na semana passada por considerar que Polícia Legislativa não tinha competência para atuar no caso, que envolve um parlamentar com foro privilegiado

Davi Alcolumbre, ex-presidente do senado.Davi Alcolumbre, ex-presidente do senado. - Foto: Pedro França/Agência Brasil

O Senado decidiu encerrar a investigação interna que foi aberta para apurar suspeitas de que haveria funcionários fantasmas e um esquema de "rachadinha" no gabinete do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). A Polícia Legislativa da Casa encaminhou todas as informações que levantou à Procuradoria-Geral da República (PGR), já que o caso envolve uma autoridade com prerrogativa de foro privilegiado.Leia também: Bolsonaro encerra entrevista ao ser questionado sobre 'rachadinha' por filho de Paulo Marinho

Reportagem da Revista 'Veja' mostrou, em 29 de outubro, que o gabinete de Alcolumbre, ex-presidente do Senado, recebeu R$ 2 milhões dentro de um suposto esquema em que pessoas de confiança do parlamentar recolhiam parte do salário de seis assessoras, que ganhavam na época entre R$ 4 mil e R$ 14 mil reais. As funcionárias também entregavam ao senador benefícios e verbas rescisórias as quais elas teriam direito.

Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia do Senado afirmou na segunda-feira que foi o próprio Alcolumbre quem pediu a abertura de um procedimento interno para "apurar 'a veracidade dos fatos narrados' na reportagem envolvendo o seu gabinete parlamentar".
 

Em seguida, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é um dos principais aliados de Alcolumbre, determinou à Diretoria-Geral do Senado a adoção de "providências administrativas para apurar os fatos", o que resultou na abertura de uma apuração preliminar pela Polícia Legislativa, no final de outubro.

"A atuação da Polícia Legislativa do Senado Federal deu-se por provocação da Diretora-Geral do Senado Federal e objetivou a realização de instrução preliminar para a verificação dos fatos", afirmou a Advocacia do Senado ao Supremo.

Em 10 de novembro, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou uma petição ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF, dizendo que a Polícia Legislativa intimou as servidoras que denunciaram o suposto esquema de rachadinha "a despeito da patente incompetência para tanto". Para o parlamentar, a iniciativa poderia representar constrangimento às testemunhas.

Ele destacou que o Senado incluiu uma advertência de que o não comparecimento das testemunhas, sem motivo justificado, poderia implicar em crime de desobediência.

"A intimação de mencionadas testemunhas – por autoridade incompetente –, tendo os respectivos depoimentos sido efetivamente colhidos ou não, precisamente perante a autoridade policial do Senado, Casa em que todas, ao menos formalmente, figuravam como servidoras, aponta para um potencial constrangimento daquelas que são peças-chaves para a formação do convencimento desta Corte acerca do eventual cometimento de ilícito penal por um Senador da República", avaliou Alessandro.

Segundo o Senado, em resposta à petição no Supremo, a decisão de interromper as investigações ocorreu em 3 de novembro, cerca de uma semana antes do pedido de Alessandro Vieira.

"No dia 3 de novembro de 2021, surgiram elementos de informações que mencionavam acusações contra autoridade com foro por prerrogativa de função. Em consequência, a apuração preliminar foi imediatamente interrompida, canceladas todas as diligências e oitivas dos servidores e ex-servidores mencionados na reportagem (nenhuma testemunha foi ouvida), e o procedimento foi integralmente encaminhado à Procuradoria-Geral da República", afirmou o Senado.

De acordo com servidores do Senado, a ideia inicial da apuração era abrir um procedimento administrativo para verificar, entre outras coisas, se as servidoras que denunciaram o esquema efetivamente trabalhavam no Senado e batiam ponto ou poderiam ser funcionárias-fantasma. Diante da possível participação de Alcolumbre, no entanto, que possui foro por prerrogativa de função, os dados foram enviados à PGR.

Procurado, o Senado disse, em nota, que "como o procedimento foi integralmente encaminhado à Procuradoria-Geral da República, por meio do Protocolo PGR - 00398117/2021, de 3 de novembro de 2021, dados sobre o processo devem ser solicitados ao órgão responsável".

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