Soro, revezamento de aliados e colchão na Câmara: os detalhes da greve de fome de Glauber Braga
Deputado prometeu não deixar o parlamento até o final de seu processo de cassação, que pode se estender até depois da Páscoa
Após prometer greve de fome até o final do processo que pode culminar em sua cassação, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está acampado no Anexo 2 da Câmara dos Deputados e em greve de fome desde quarta-feira (9). Em entrevista ao Globo, a esposa, a também deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), revelou a logística por trás da decisão de Glauber em permanecer na Casa até que o caso seja apreciado em plenário.
Com apenas sessões virtuais previstas para a próxima semana, por conta do feriado da Páscoa, os aliados de Glauber se preparam para que a situação se estenda por pelo menos duas semanas. Neste contexto, apoiadores se revezam para acompanhá-lo durante as noites, diante da fragilidade provocada pelo jejum, e, a partir da próxima semana, médicos devem participar desse rodízio.
— Ele vai passar o final de semana na Câmara. Assessores, apoiadores e colegas da militância estão se revezando para acompanhá-lo — disse Sâmia.
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Desde quarta-feira, o parlamentar só ingeriu água, isotônicos e soro por via oral, por recomendação médica. O filho do casal de parlamentares, Hugo, de três anos, tem feito visitas ao pai — mas isso pode mudar:
— A partir do momento em que Glauber ficar muito debilitado, vamos poupar o Hugo. Por enquanto, tem sido bom. Ele entende nossa rotina, apesar de ter três anos — revela a deputada.
Glauber Braga tem dormido em um colchão com uma coberta. Ele escova os dentes e toma banho nos banheiros com chuveiro destinados aos funcionários da Casa. Sua mulher tem o auxiliado, levando mudas de roupas limpas todos os dias.
Os familiares de ambos também têm ajudado. A mãe de Sâmia e a irmã de Glauber viajaram para Brasília para auxiliar a deputada com o filho pequeno.
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, parecer pela perda do mandato do deputado. Glauber chutou um militante do MBL (Movimento Brasil Livre), em abril de 2024, durante uma discussão.
O deputado do PSOL afirmou que utilizará todos os recursos disponíveis para questionar o processo, seja por vias legislativas ou judiciais. Ele pode recorrer para que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) também analise o parecer antes que o caso vá a plenário.
Sâmia Bomfim afirma que o intuito do casal, com a greve e o acampamento na Casa, é que o parecer da Comissão de Ética seja revisto:
— Nosso objetivo é que seja repensado, que o voto do relator seja revisto. Trata-se de uma perseguição. É um precedente grave para o Parlamento.

