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Política

Temer arma ofensiva para blindar governo

Após prisão de Cunha, presidente entra em ação para evitar que episódio contamine seu governo e votações

No Cafezinho com Daniel Leite, Márcio Didier e Renata Bezerra de MeloNo Cafezinho com Daniel Leite, Márcio Didier e Renata Bezerra de Melo - Foto: Reprodução de vídeo

 

O governo de Michel Temer iniciará uma ofensiva para tentar blindar sua pauta no Congresso dos impactos da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Para evitar que o tema contamine a base aliada, a estratégia adotada pelo Palácio do Planalto é a de enfatizar a imagem de um clima de normalidade institucional e a de reforçar a aproximação com deputados federais sobre os quais o peemedebista tinha influência quando comandou a Câmara dos Deputados, sobretudo de siglas do "centrão" (PP,PR, PSD, PTB e PRB).

O receio é que o impacto da prisão possa causar atrasos no cronograma de votações e estimular ausências em plenário na próxima terça-feira, quando o Palácio do Planalto pretende aprovar em segundo turno a proposta do teto de gastos.

Para um aliado do governo, o Planalto deve evitar que parlamentares próximos ao peemedebista retaliem a gestão federal durante a votação, com a intenção de passar o recado de que Cunha sentiu-se abandonado.

Nesta quinta-feira (20), ao retornar ao Brasil de viagem ao continente asiático, Temer se reuniu com o núcleo duro do Palácio para avaliar os efeitos do episódio. Também discutiu o cenário político com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Para evitar traições na votação, o presidente começou a atuar pessoalmente junto a parlamentares governistas. Ele abrirá espaço na agenda para recebê-los nesta sexta-feira (21) e participará na segunda-feira de jantar com a base aliada na residência oficial do presidente da Câmara.

No fim de semana, Temer também pretende telefonar para deputados federais para tentar obter um placar maior que 366 votos no segundo turno da proposta, superando o primeiro turno.

Sangue frio
A ordem repassada pelo presidente é para que a prisão não atrapalhe a rotina de trabalho dos ministérios e não passe a imagem de paralisia nas atividades do governo. Segundo assessores e auxiliares, Temer avalia a necessidade de dar demonstrações de força nos próximos dias, o que inclui aprovar a PEC, para sinalizar que "nada muda" e a "vida segue normalmente".

Em relação à Lava Jato, o presidente mandou sua equipe dizer que, para ele, a agenda do governo federal é uma e a da operação investigativa, outra. E que o governo não interfere na Lava Jato, que tem autonomia. Segundo assessores presidenciais, a prisão de Cunha gera "apreensão", mas não pode alterar o "ânimo" do governo.

Para um auxiliar do presidente, não se pode ficar sofrendo por antecipação. “É preciso ter sangue frio neste momento porque ninguém sabe o que Cunha pode falar numa eventual delação”.

 

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