Política

Temer em operação de guerra para conseguir apoio

Nas vésperas da votação da denúncia contra ele no plenário da Câmara, o presidente entrou no corpo a corpo para conseguir conquistar os indecisos

Michel Temer no G20Michel Temer no G20 - Foto: Patrik Stollarz/AFP

A uma semana da votação da denúncia por corrupção passiva na Câmara Federal, o presidente Michel Temer deflagrou uma verdadeira operação de guerra para tentar se blindar. Desde o começo da semana, ele passou a ligar pessoalmente para deputados que ainda não decidiram seus votos, com o intuito de aprentar sua defesa. No entanto, a divulgação da última pesquisa Ipsos Public Affairs, ontem, poderá atrapalhar os planos do peemedebista. Segundo o instituto, 94% dos brasileiros desaprovam completamente a gestão, que recebeu a pior avaliação desde que a séria de estudos foi iniciada, em 2005.

De acordo com o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), as ligações telefônicas feitas por Temer resultaram na redução de 80 para 60 do número de deputados indecisos. No diálogo com os parlamentares, o presidente garante que é inocente e destaca que é importante que deputados votem com consciência, convencidos de que ele não cometeu crime. O deputado alega que Temer já contabiliza cerca de 280 votos, 108 a mais do necessário para barrar a denúncia no plenário.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, vai convocar uma reunião de líderes da base para fazer uma contagem de votos. O encontro deve acontecer nesta quinta-feira e a votação da denúncia está marcada para a próxima quarta-feira. Temer também vai convidar alguns parlamentares para uma visita a seu gabinete e vai continuar a receber seus pedidos, como cargos e emendas.

No final da manhã de ontem, durante o evento de posse do novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, no Palácio do Planalto, em Brasília, Temer voltou a bater na tecla de que o País está deixando a recessão para trás e passa a "respirar uma nova economia", apesar das dificuldades ainda enfrentadas. Segundo o presidente, embora haja quem acredite que ele pode ficar "combalido" e "perturbado" com as dificuldades, os desafios o "vitalizam".

Reprovação
Porém, logo depois do evento, a divulgação da mais nova pesquisa Ipsos Public Affairs causou ainda mais preocupação dentro do governo. Segundo o estudo, 94% das pessoas desaprovam a forma como o presidente atua no País e 95% acreditam que o Brasil está no rumo errado. O instituto entrevistou, entre os dias 1º e 14 de julho, 1.200 pessoas em 72 municípios brasileiros. Do total de entrevistados, 85% avaliam a gestão como ruim ou péssima, sendo a pior avaliação desde que a série começou a ser feita.

Novas denúncias
Outra grande preocupação, para o Palácio do Planalto, é a possibilidade de uma nova denúncia contra Temer. Mas o grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) pretende apresentar apenas mais uma denúncia contra o presidente, e não duas como chegou a ser cogitado em junho.

Investigadores trabalham durante o recesso do Judiciário com a meta de encerrar a apuração que trata dos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também planeja encerrar as investigações sobre as supostas organizações criminosas formadas por partidos políticos antes do término do seu mandato, em meados de setembro. O objetivo é oferecer ao menos quatro denúncias, com base na primeira "lista do Janot" de 2015, contra o PP, PT e PMDB - neste último, serão duas denúncias, uma contra o grupo da Câmara e outra contra o grupo de senadores.

A expectativa é de que com essas denúncias Janot consiga deixar a PGR com os políticos já na fila para se tornarem réus no Supremo Tribunal Federal.

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