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Política

Três votos fizeram toda a diferença

Atual vice serviu ao prefeito Fernando Pereira (PMDB) como secretário de Saúde

Ex-presidente Lula (PT) durante visita ao Cais do Sertão, nesta quinta-feira (24)Ex-presidente Lula (PT) durante visita ao Cais do Sertão, nesta quinta-feira (24) - Foto: Anderson Stevens/Folha de Pernambuco

JUNQUEIRO -(AL) - Eleito prefeito de Junqueiro por apenas três votos de diferença, o fazendeiro Carlos Augusto Almeida (PMDB), 50 anos, não é do tronco familiar Pereira, que controla com mão de ferro o município e estendeu seu raio de influência para cidades vizinhas, mas entrou na vida pública incentivado pelo clã. Atual vice, serviu ao prefeito Fernando Pereira (PMDB) como secretário de Saúde. Durante sua passagem pela pasta, se orgulha de ter projetado Junqueiro em políticas de saúde bucal, com selo e aplausos do Ministério da Saúde.

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“Fomos reconhecidos co­mo o único município que atingiu 100% o programa “Cárie Zero”, revela, adiantando que criou, também, um centro de implante de prótese dentária. Ele atribui sua vitória, mesmo que apertada, ao reconhecimento da população ao trabalho dos Pereira. Além de Junqueiro, principal base eleitoral, o grupo elegeu os prefeitos de Teotônio Vilela e Campo Alegre, tendo colocado na Assembleia Legislativa, na eleição passada, a deputada Jô Pereira.

Em Campo Alegre, Pauline Pereira (PSDB), filha do líder do grupo, o ex-prefeito de Junqueiro, João José Pereira, que governou o município por cinco mandatos, foi reeleita com 82,63% , abrindo uma frente de mais de 12 mil votos, enquanto que em Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira, seu irmão, foi eleito com 63,21% dos votos válidos, consolidando o poder da família na região.

“Já é a terceira vez que Joãozinho se elege em Teotônio Vilela”, ressalta Carlos Augusto. Perguntado por que em Junqueiro os Pereira penaram para elegê-lo, afirmou que o desejo de mudança se manifestou forte na cidade.

“Meu adversário iludiu a população. Ele chegou a prometer a instalação de uma fábrica da Pamesa, gerando mais de 100 empregos, o que nos fez ir buscar na própria empresa uma declaração de que não havia intenção de se instalar no município”, afirmou.

Os jovens de Junqueiro, segundo ele, davam como certa a instalação da fábrica de cerâmica e esquadrias. “Faltando 15 dias para a eleição colocamos carros de som na cidade para dizer que nosso adversário mentia”, lembra Augusto. Segundo ele, não fosse o atestado da Pamesa negando qualquer projeto de expansão para o município, a oposição teria vencido a eleição. “Acho que iríamos perder por mais de mil vo­tos em razão do efeito Pamesa”, afirmou.

Leandro Silva, seu adversário, ganhou em redutos eleitorais nos quais a família Pereira nunca perdeu, como Ingá, Retiro e Riachão.

“Empatamos na cidade e perdemos apenas em Palmeirinha por 317 votos”, relembra Leandro Silva, para quem a promessa da Pamesa não teve papel fundamental na eleição. “A população queria mudança. Votou em mim para ter um prefeito que more na cidade e não em Maceió”, afirmou, referindo-se ao atual prefeito, que passa mais tempo na capital alagoana.

Disputa acirrada

Junqueiro tem sua história derivada da cultura de junco, uma planta vista com abundância às margens de uma área conhecida como Lagoa do Retiro. Antigamente, quan­do as pessoas recolhiam junco e eram interrogadas de onde vinham, respondiam: “Eu venho do junqueiro” (que se referia aos juncais). Com o passar do tempo, no lugar do junco se desenvolveu e ganhou força a cana de açúcar.

Hoje, o município vive da pecuária e 80% das suas terras estão ocupadas por cana. A produção é aproveitada na própria região por três usinas de álcool e açúcar. A acirrada disputa nas urnas também rachou a população ao meio. Donos da pousada “Quero mais”, uma das mais antigas da cidade, José Geraldo e Aparecida Alves torceram e comemoraram nas ruas o anúncio de que Leandro havia vencido por 19 votos e até hoje não entenderam a reviravolta. “O povo acha que a eleição foi comprada”, diz Geraldo, referindo-se ao fato de que houve, inicialmente, o festejo da vitória dos 19 votos e depois outra comemoração pelos três votos.

Já o servente Manoel Silva, 44 anos, afirma que votou no candidato indicado pela família Pereira. “Os Pereira já fizeram muito por esta cidade e eu queria que fosse dada uma oportunidade ao Carlos Augusto, que fez um excelente trabalho na área da saúde”, disse.

Moradora do Riachão, dona Madalena Lins afirmou que Leandro, em que votou, teria sido melhor para o futuro do município. “Ele é jovem, fala bem e é bem-sucedido em seus negócios”, assinalou.

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