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Política

Vereador do PT que protestou em igreja entra com recurso para suspender cassação

Renato Freitas teve mandato cassado pela Câmara de Curitiba por quebra de decoro parlamentar

Vereador Renato Freitas (PT)Vereador Renato Freitas (PT) - Foto: Reprodução/Instagram

A defesa do vereador Renato Freitas (PT), que teve seu mandato cassado pela Câmara de Curitiba por liderar uma manifestação numa igreja, entrou com um mandado de segurança para suspender a decisão. Na quarta-feira, o petista perdeu seus direitos legislativos por 25 votos favoráveis e 5 contrários. Os vereadores curitibanos entenderam que ele praticou quebra de decoro parlamentar por liderar uma manifestação que invadiu uma igreja católica.

"Reafirmo minha confiança no sistema judiciário que certamente reconhecerá a flagrante ilegalidade desse processo que é viciado pela perseguição política e pelo racismo", disse Freitas, completando: "Tudo isso foi gerado pela manifestação feita por nós, pretos, em uma igreja conhecida por ser a Igreja dos Pretos, construída por pessoas pretas escravizadas para que elas pudessem professar a sua fé".

Segundo a defesa do parlamentar, a decisão da Câmara desrespeitou normas do regimento interno nos prazos das votações pela cassação e impediu o direito de ampla defesa de Freitas. “A açodada convocação da sessão materializa gravíssima ilegalidade que afronta o devido processo legal (...) de modo que o impetrante acabou sendo julgado sem possibilidade do pleno exercício de seu direito à defesa”, diz um trecho da ação.

As acusações contra o vereador surgiram após uma manifestação ocorrida no dia 5 de fevereiro, durante protestos de repúdio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe que adentrarem a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no centro da capital paranaense. O grupo foi acusado de invadir e interromper uma missa, prática que se caracteriza como crime de violação de prática religiosa.

No Conselho de Ética da Câmara, a defesa do vereador feita pelo advogado Guilherme de Salles, negou que ele tenha perturbado e interrompido a missa na Igreja do Rosário. Além disso, ele não teria liderado a manifestação e tampouco praticado “qualquer conduta incompatível com o exercício da sua função”. Ele afirma que apenas entrou no templo, de forma pacífica, quando a missa já estava perto do fim.

Após o protesto em fevereiro, a Arquidiocese de Curitiba chegou a registrar um Boletim de Ocorrência contra Renato Freitas. Porém, ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores, a instituição católica pediu que o vereador não tivesse o mandato cassado.

"A Arquidiocese se manifesta em favor de medida disciplinadora proporcional ao incidente. Ademais, sugere que se evitem motivações politizadas e, inclusive, não se adote a punição máxima contida no Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba", diz o documento.

Renato Freitas tem 37 anos e estava em seu primeiro mandato como vereador. Professor universitário e advogado, ele é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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