Dom, 07 de Dezembro

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Justiça

Wajngarten e advogado de réu na trama golpista admitem contato com a filha de Cid

Ex-secretário de Comunicação e advogado prestaram depoimento à PF após vazamento de mensagens atribuídas a um perfil ligado ao delator Mauro Cid

Ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, negou ter tido qualquer contato com Cid desde agosto de 2023Ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, negou ter tido qualquer contato com Cid desde agosto de 2023 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e o advogado Eduardo Kuntz confirmaram, em depoimentos à Polícia Federal (PF), que tiveram contatos com a filha adolescente do tenente-coronel Mauro Cid.

Os dois negaram, no entanto, terem conversado sobre o acordo de delação premiada do militar.

Os diálogos com a filha dele teriam sido apenas sobre competições de hipismo.

Wajngarten, que integrou o governo de Jair Bolsonaro (PL), e Kuntz, que defende o ex-assessor presidencial Marcelo Câmara, foram ouvidos na terça-feira após familiares de Cid relatarem contatos deles.

O próprio Câmara e o advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Bolsonaro, também prestaram depoimento, no mesmo dia.

Wajngarten negou ter tido qualquer contato com Cid desde agosto de 2023, quando o militar prestou depoimentos no âmbito da delação premiada, homologada no mês seguinte.

O advogado afirmou que entre julho e agosto daquele ano, recebeu uma ligação do pai de Cid, o general Lourena Cid, pedindo ajuda com a inscrição de uma das netas em um campeonato de hipismo em São Paulo.

Perguntado se manteve contato com a adolescente, uma das filhas de Cid, após agosto de 2023, Wajngarten afirmou que pode ter tido, mas que as mensagens eram "exclusivamente de solidariedade".

O advogado também afirmou à PF que nunca tratou com a adolescente de nenhum assunto acerca de assuntos relativos à colaboração premiada de Cid.

Kuntz relatou ter conhecido a adolescente em março de 2023, antes da primeira prisão de Cid, em um evento na Sociedade Hípica Paulista.

Ele disse ter mantido "contatos esporádicos" com ela, por WhatsApp e Instagram, entre agosto daquele ano e março de 2024.

As conversas teriam sido interrompidas quando Cid foi preso pela segunda vez, por descumprir medidas cautelares.

O advogado afirmou que "em geral, os contatos tinham como objeto questões da atividade de hipismo", mas reconheceu que podem ter ocorrido "questionamentos sobre os processos em andamento, inclusive sobre uma possível troca da defesa técnica de Mauro Cid".

Kuntz afirmou, contudo, que "nunca conversou com os familiares de Mauro Cid sobre o acordo de colaboração firmado".

O advogado foi questionado pela PF sobre uma mensagem que enviou à adolescente informando que "toda segunda faz uma limpeza em seu celular".

Ele disse não se lembrar o contexto, mas afirmou que costuma usar a ferramenta de duração temporária para as mensagens.

Marcelo Câmara negou ter tido contato com Cid ou qualquer familiar e disse que não sabia que seu advogado tinha feito isso.

Ele é réu em um das ações penais da trama golpista e foi preso preventivamente, no mês passado, pela suspeita de atrapalhar a delação de Cid.

Paulo Cunha Bueno limitou-se a dizer, em seu depoimento, que confirmava o conteúdo da petição que apresentou na véspera do STF, na qual admitiu contatos com a família de Cid, mas também negou que tivesse falado sobre a delação.

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