Unicef: obesidade infantil supera desnutrição no mundo
Levantamento do Unicef mostra que 391 milhões de crianças e adolescentes sofrem com excesso de peso, e especialistas reforçam a importância da prevenção precoce e hábitos saudáveis para evitar doenças no futuro.
Um levantamento recente do Unicef revelou um dado alarmante: uma em cada cinco crianças ou adolescentes do mundo está acima do peso, totalizando cerca de 391 milhões de indivíduos. Quase metade desse total (188 milhões) apresenta obesidade. Pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como a maior forma de má nutrição infantil, acendendo um alerta sobre os riscos de adoecimento desde cedo.
Nesta quinta-feira (23), no quadro Canal Saúde do programa Conexão Notícias, na Rádio Folha FM 96,7, o âncora Jota Batista conversou com a pediatra Andrea Melo, às 12h30, sobre os desafios do combate à obesidade infantil e os fatores que contribuem para esse cenário. A entrevista completa está disponível nas plataformas de áudio e no canal da Folha de Pernambuco.
Assista à entrevista completa abaixo:
Segundo a especialista, os principais vilões do excesso de peso entre crianças e adolescentes são os alimentos ultraprocessados.
"Os grandes vilões são realmente os alimentos ultraprocessados que são feitos pela indústria e eles têm aditivos, têm amido, têm alto teor de sódio, gorduras que não são saudáveis", afirmou Andrea Melo.
Andrea Melo, pediatraA pediatra alerta que a obesidade infantil reflete problemas sociais e de saúde que tendem a se agravar na vida adulta.
"A criança obesa, ela traduz pra gente uma sociedade doente no futuro, porque vai aumentar muito o risco das doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, como por exemplo, as doenças cardiovasculares, o diabetes, dentre outras patologias", explicou.
Andrea Melo também destacou que a intervenção precoce pode mudar o futuro das crianças:
"A maioria das crianças obesas, elas vão se tornar adultos obesas. Então, a gente consegue intervir nesse prognóstico, nessa qualidade de vida que a criança vai vir a ter no futuro."
Além da alimentação, fatores sociais e ambientais contribuem para o problema.
"A nossa sociedade hoje acaba nos direcionando para o adoecimento. As crianças elas estão muito mais sedentárias, até o próprio espaço físico, a questão da segurança, as crianças não brincam mais tanto ao ar livre quanto antigamente", complementou a pediatra.
O aumento expressivo do excesso de peso e da obesidade infantil exige atenção imediata de políticas públicas e de famílias. Investir em hábitos saudáveis, educação nutricional e incentivo à atividade física não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para garantir uma vida mais saudável e prevenir doenças crônicas futuras.

