As carnes nobres estão mudando o churrasco brasileiro
Uma carne de qualidade vai além da definição do corte. Está na procedência da raça e nos cuidados alimentares do gado até o momento do abate
Marmoreio e maturação
A moral da história é que a famigerada nobreza da carne não tem mais a ver com o fato de ser picanha, maminha ou filé mignon. Hoje, o valor real dessa proteína está no chamado marmoreio, que indica a quantidade de gordura boa na parte interna, capaz de dar ao insumo maciez e estrutura. Algo bastante valorizado na raça japonesa Wagyu, por exemplo, também conhecida como kobe beef, com seu teor mínimo de líquido em torno de 45%. É, inclusive, um dos mais caros do mercado, em torno de R$ 400/kg.
“Já o conceito de carne maturada existe muito antes. Acontece dentro de uma câmara com temperatura ideal para as próprias enzimas do produto quebrarem na intenção de deixá-lo mais macio. Por isso, quando a gente abre um desses na cozinha sente um mal cheiro tremendo, que é resultado de todo esse processo químico”, detalha Leandro Ricardo.
Leia também:
A moda e a polêmica das carnes 'alternativas'
Prepare uma moqueca com carne de caju
São informações que o público da rede Pobre Juan se mostra familiarizado, segundo o gestor da unidade do Recife, Henrique Santos. “Pelo menos 90% das pessoas conhecem bem o nosso cardápio e sabem exatamente o que quer. Tem sido assim desde a nossa chegada à Capital pernambucana, em 2010. É gente que costuma viajar para outros países ou mercados brasileiros fortes, como São Paulo”, conta. Na lista de queridinhos, o corte homônimo da casa é campeão de vendas. “Um filé de costela bastante macio e marmorizado. Vendemos até 180 peças por mês, o que, para um único corte, é um número alto. Outros tipos ficam na média de 60 saídas por mês”, completa o gestor.
Mãos na carne
O consumo de carne no Brasil duplicou desde 1990, segundo dados do setor. Para um produto tão importante assim, investir nas formas corretas de preparo é o mesmo que valorizar características básicas. Por isso, na hora de escolher a receita, os chefs lembram que fazer cozidos ou acrescentar molhos gordurosos pode trazer alguns conflitos de sabor. Para não errar, o churrasco feito da maneira mais simples, à base de sal, resolve bem a situação.
“Elas são carnes fáceis e rápidas de fazer por conta da qualidade. Na parrilla você chega com um steak, que é a fatia do bife, e coloca apenas dois minutos para cada lado e está pronto”, sugere alexandre Farias, especialista em defumação artesanal, quando leva apenas tempero e fumaça de lenha frutífera “No meu trabalho, a defumação acontece com fumaça em baixa temperatura e isso difere da onda que valoriza apenas as carnes nobres”, defende.
Ainda segundo o especialista, no caso da defumação feita em temperatura e tempo controlados, o processo consegue transformar até os cortes que não são valorizados da parte dianteira. “O peito de boi, que é o brisket, leva entre 10 e 14 horas na defumação. Ainda é uma parte desprezada em açougue, cujo quilo sai a R$ 10 no supermercado”, destaca. Por outro lado, opções como bife ancho custa em média R$ 70/kg. Já o bife de tira fica em torno de R$ 55/kg. Enquanto o prime rib tem R$ 60/kg e o filé de costela R$ 40/kg.
Curiosidade
Em apenas 100g de carne vermelha é possível obter mais de 30% da quantidade ideal de ferro por dia.