Gastronomia

Cozinheiros relembram os pratos típicos do Carnaval

Arrumadinho, caldinho e feijoada estão na lista dos alimentos comuns nesta época do ano

Jerimun Frevoé homenageia o Carnaval de Olinda, no Oficina do SaborJerimun Frevoé homenageia o Carnaval de Olinda, no Oficina do Sabor - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Se o Carnaval estivesse agitando as ruas, a essa hora a fantasia já estaria no grau, o glitter espalhado pelo corpo e a comida prontinha na mesa. Pois, sim. Folião experiente sabe que não se encara uma maratona de frevo com a barriga vazia. Quanta saudade! Era corrido, frenético, mas delicioso. Sem qualquer burocracia gastronômica, a comida desse período tem a ver com praticidade, alegria e, principalmente, “sustança”. 
 

   

Não à toa, os pratos mais comuns têm relação direta com a fartura regional. Leia-se guisados e ensopados que são capazes de levantar qualquer desavisado sobre o Carnaval. E já que, por dois anos, a pandemia da Covid-19 impediu a festa para multidões, vale lembrar o quanto o ritual de preparação já começava antes mesmo de soarem os Clarins de Momo.

Um prato específico?

Segundo a bacharel em Gastronomia, especialista em Cultura Pernambucana, Roneide Gonzaga, esse é um evento que se diferencia dos demais feriados em que um prato específico se faz presente, como o peixe na Semana Santa e o peru no Natal. “Por ser uma festa profana, a tradição do alimento acaba não se perpetuando muito, porque não é um momento de confraternização à mesa, fugindo da perspectiva que temos das festas santas, principalmente”, adianta.

Assim, muda-se o sentido gastronômico. É preciso suprir necessidades orgânicas a partir de ingredientes nutritivos. “Por isso não se vê algo leve, à base de salada. É mais necessária uma porção considerável de proteína. Esse ponto é importante. Mesmo que não haja uma tradição específica, a gente foca no alimento de verdade. A máxima do ‘descasque mais e desembale menos’, se faz mais presente do que nunca”, comenta a especialista, lembrando os clássicos de rua, como macaxeira com charque, espetinho de carne e outros alinhados à praticidade. 

Bolinho de feijoada Bolinho do feijoada (Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco)

Lembranças da época

Quem fez de Olinda o destino obrigatório, deve lembrar que o restaurante Oficina do Sabor na rua do Amparo, era ponto de encontro. Do lado de dentro, o chef César Santos promovia sua farra gastronômica à base de ingredientes regionais. Sua relação com a folia é tanta, que criou um prato em referência ao “fervo”. “Eu fiz o jerimum frevoé, que já foi o nosso prato da Boa Lembrança, em homenagem ao frevo de Pernambuco, ao Carnaval de Olinda, às ladeiras, às orquestras, à alegria dessa festa. Tem manga, camarão, zimbro, maracujá, tudo isso formando uma mistura de sabores e cores”, destaca.

Não à toa, o chef tem um bloco para chamar de seu, que costumava percorrer as ladeiras nesse período. “Mas não há o que fazer, né? Vamos aguardar tudo isso passar para voltarmos a brincar como antes”, endossa. Ele segue com a casa aberta nos próximos dias, destacando o ‘baião de dois caldeirão da alegria’, com charque, carne de sol, linguiça matuta e queijo coalho.

Acostumada a preparar o cardápio de camarotes, a chef claudinha Luna, do Seu Luna Restaurante, também fez uma adaptação para este ano. Até a próxima terça (1º), sua equipe estende as atividades para o Jardim Gastrô do Shopping Recife. Por lá, estão os pratos de toque regional. “No Carnaval, as pessoas gostam de sentir o sabor da comida. E, melhor ainda, se tiver o gosto afetivo do nosso Nordeste. Não é porque não teremos festa, que deixaremos de provar os clássicos caldinhos, sarapatel, dobradinha, bolinho de chambaril, coxinha de frango e outros”, destaca.

Bebida x calor

Um sol para cada folião sempre moveu a necessidade de hidratação. Nesse quesito, dois caminhos sempre se fizeram presentes: alcoólico ou não. “Sempre foi uma festa regada por bebida, tanto que a gente tem imortalizado, pela Pitombeira, a música que fala do bate-bate com doce. E esse elemento açucarado tende a entrar como ingrediente para cortar o efeito do álcool. Um clássico é a batida de maracujá”, diz Roneide Gonzaga.

Para o chef Felipe Costa, do restaurante Mangaio - Cozinhando pra amigos, a prioridade é leveza. “E isso vale para as bebidas, quanto mais naturais, melhor. Ainda assim, sempre foi interessante diversificar com ingredientes coloridos, frutas e bastante gelo para amenizar o calor”, completa.

Serviço:

Oficina do Sabor
Endereço: rua do Amparo, 335, Amparo, Olinda
Fone:3429.3331
Instagram: @oficinadosaborpe

Seu Luna Restaurante
Endereços: av. Saldanha Marinho, 645, Ipsep e rua da Hora, 348, Espinheiro 
Fone: 3339.0012
Instagram: @seulunarestaurante

Mangaio - Cozinhando pra amigos
Endereço: estrada do Forte do Arraial, 233, Cordeiro
Fone: 99927.3268
 

Veja também

Raul Lody lança edição revista e ampliada de livro icônico sobre a cultura do dendê; saiba qual
DENDÊ

Raul Lody lança edição revista e ampliada de livro icônico sobre a cultura do dendê; saiba qual

Saiba qual é a uva símbolo da Argentina que, na verdade, é francesa
Gastronomia

Saiba qual é a uva símbolo da Argentina que, na verdade, é francesa

Newsletter