Sabores
Ele vai de carona até o próximo bar
Cervejeiro Viajante registrará em livro sua empreitada pelo Brasil em busca das melhores cervejas
Preencher o CEP de qualquer ficha cadastral deve ser um desafio na vida do paranaense Edson Carvalho, de 37 anos. Por trás do nome simples está um estilo de vida incomum de quem mora aqui, ali e em todo lugar com a identidade mais apropriada à pessoa que escolheu os quatro cantos do Brasil como morada: viajante cervejeiro! Há dois anos, sua missão é procurar as melhores geladas pegando carona na estrada e atravessando cidades. Um roteiro extenso que chega em sua fase final, hoje na Região Norte, com a promessa de se tornar um livro de crônicas no primeiro semestre de 2017.
O registro dos mais de 23 mil quilômetros rodados, boa parte divulgado pelas redes sociais do mochileiro, foi confirmado em nossa ida ao Mondial de La Bière, que rolou no Rio de Janeiro há duas semanas. No meio da experiência de conhecer rótulos de todas as partes, estava ele com a fala descontraída e o paladar maduro de quem provou incontáveis opções artesanais, como as fabricadas em Belém do Pará. “Cada Estado tem sua particularidade de degustar e produzir. A Amazon Beer, por exemplo, tem produções feitas com taperebá, uma fruta típica amazônica, difícil de reconhecer facilmente”, diz ele, com o histórico de quem se hospeda na cidade e logo monta uma programação intensa de visita às fábricas, parada em botequins e até de palestras que garantem a verba de suas despesas.
Em passagem pelo Recife, no mês de julho, o publicitário e sommelier ficou atento ao crescimento da demanda local, comprovado pelas nove cervejarias registradas no Ministério da Agricultura. “Nem todas possuem unidade fabril própria, como as chamadas ‘ciganas’ em que você se utiliza do espaço de uma fábrica terceirizada para a confecção própria”, observa. No melhor estilo almanaque ambulante, ele costuma revelar curiosidades com a memória gustativa também percorrida em 22 países dos quatro continentes. Na pergunta do que seria uma cerveja ruim, a resposta vem de pronto. “É aquela que foge do estilo a qual se propõe, seja em sabor ou aroma. É uma espécie de erro na produção e não uma análise a partir do gosto pessoal”, defende. Em tempo, enquanto fechávamos esta edição, o Viajante Cervejeiro chegava à Porto de Careiro, município da Região Metropolitana de Manaus, após encarar uma hora de balsa, para então tentar carona rumo a Porto Velho.