Vinho

Em meio a pandemia, mercado do vinho segue aquecido

Conversamos com Marcelo Abrileri, fundador e idealizador da Eniwine, para entender melhor sobre essa realidade, além das novidades do site e dicas sobre harmonização

Consumo da tradicional bebida vem crescendo na pandemiaConsumo da tradicional bebida vem crescendo na pandemia - Foto: Pixabay

Contrariando expectativas e mesmo em meio a uma crise geral imposta pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de vinhos no Brasil segue aquecido. Uma pesquisa realizada pela Ideal Consulting demonstrou que a importação de vinho nos primeiros cinco meses do ano de 2020 no Brasil aumentou 5% em volume, somando 43 milhões de litros. Conversamos com Marcelo Abrileri, fundador e idealizador da Eniwine, plataforma online que reúne diversos serviços para os amantes de vinho, para entender melhor sobre esse aumento no consumo da bebida de Baco, além das novidades do site e dicas sobre harmonização.

De acordo com Abrileri, o consumo aumentou expressivamente dentro das casas das pessoas e isso se deu por inúmeros motivos. “O fato da pessoa estar fazendo todas as refeições em casa, pois muitos começaram a colocar uma taça de vinho junto às comidas, também por não ter que dirigir depois da refeição, o desejo de compensar a não ida ao restaurante também ajudou, tentando criar um clima sofisticado em casa, sem contar no desejo de se fazer um agrado e melhorar o clima neste período delicado de isolamento social.”, enumerou. 

A tendência do mercado é que essa realidade permaneça mesmo no pós-pandemia, analisa o fundador da Eniwine. “As perspectivas são boas, tanto pelo no hábito adquirido por muitos que deverá perdurá mesmo após a Covid como pelo fato de que temos pela frente o inverno período em que o consumo de vinho aumenta seguido das festas de fim de ano. Ou seja, a expectativa para o resto do ano é boa.”, disse.

Aproveitando o momento e antevendo uma condição que veio para ficar, a Eniwine investiu em melhorias dos seus ambientes virtuais, como avanço na usabilidade e recursos do aplicativo, aumento na quantidade de rótulos disponíveis, confecção das listas para todo usuário que se logar possa ver no desktop as listas que construiu no aplicativo, o frete unificado, que é a opção do cliente comprar de diversos produtores, importadores e lojistas e pagar apenas um único valor, além do processo de implementação da organização dos rótulos na vitrine pelo seu perfil do Digital Sommelier, uma vitrine inteligente e totalmente customizada para cada usuário.

Esse Digital Sommelier, inclusive representa o uso da inteligência artificial no auxílio aos usuários da Eniwine. “Nós matematizamos o vinho. Transformamos todas suas características em números e criamos um algoritmo que é capaz de construir o perfil do vinho de cada pessoa, que chamamos de enoperfil. Após isso ter sido feito é só comparar o perfil de vinho do usuário com o vinho que ele pretende avaliar e o sistema é capaz de prever que nota ele dará a um vinho que ainda não tomou’, explicou Marcelo. De acordo com Marcelo, ainda nessa mesma seara está o Harmonizador, um sistema que compara o perfil da comida com o perfil do vinho e consegue escolher os vinhos que melhor harmonizam com cada prato. Tudo isso, sem dúvida, melhora a experiência dos amantes da bebida e certamente explicam a estabilização do mercado. 

Dicas de harmonização de vinhos

Para quem quer aprender um pouco mais sobre harmonização, pedimos dicas a Marcelo Abrileri e ele explicou que há algumas regras básicas para ajudar os iniciantes a harmonizar melhor:

Harmonize pratos com vinhos de corpo similar – Pratos leves como saladas e peixes pedem vinhos de corpo leve e nesta hora os brancos leves são os mais indicados.

Acidez no vinho é um benefício a ser aproveitado – Vinhos com boa acidez são muito gastronômicos. A acidez causa salivação e é como se estivesse pedindo comida. Então, vinhos com boa acidez são bem vindos na gastronomia. Ainda sobre acidez, alta acidez é ótima para pratos mais gordurosos, lembre-se disso.

Evite pratos muito salgados – Há de se tomar cuidado quando se tem pratos com muito sal, principalmente com vinhos tintos. O Sal e o Tanino em geral não conversam muito bem e a união dos dois pode causar experiências desagradáveis.

Pratos muito condimentados – Há de se tomar cuidado também quando houver muito condimento no prato, como pimentas e outros tipos de temperos mais fortes. Nesta hora talvez vinhos com menor teor alcoólico ou até mais leves sejam os mais indicados.

Frutos do mar e Vinhos tintos – Seguindo a regra anterior podemos dizer o mesmo de peixes e frutos do mar. O iodo destes pratos criam uma sensação muito desagradável de metal na boca, quando se consome junto com vinhos tintos. Então, fuja de querer harmonizar peixes e frutos do mar com vinhos tintos, as chances de ficar ruim é muito grande.

Vinhos tintos e carnes vermelhas – Já o vinho tinto é ideal para carnes vermelhas e conforme já dito na primeira regra, quanto mais corpo tiver o vinho, mais corpo poderá ter a carne. Se quiser harmonizar um filé mignon por exemplo, escolha um tinto de corpo médio, agora se quiser harmonizar um bife de chourizo, um vinho de maior corpo é mais indicado, como vinhos da uva Tannat por exemplo. Aqui a lógica é que o tanino do vinho é adstringente e ele seca a boca, nesta hora há de se colocar uma proteína para que o tanino do vinho ajude na “digestão” desta proteína já na boca criando neste momento um terceiro e agradável sabor/percepção.

Há também a lógica do que se convive junto se consome junto – e isso é muito utilizado para se fazer harmonizações regionais, pois em geral o clima o solo e as condições de uma região influenciam várias coisas que ali estão, criando similaridades que depois poderão ser experimentadas em conjunto, como exemplo, vinhos espanhóis em geral vão muito bem com Paella, assim como bacalhau vai bem com vinhos portugueses e carnes de parrilla vão bem com vinhos argentinos/uruguaios.

Vinhos que passaram em madeira em geral se dão bem como pratos mais untuosos e potentes – Vinhos que passam em madeira em geral tem mais corpo e tudo isso ajuda a harmonizar com pratos mais untuosos e potentes, tal como um boa macarronada a bolognesa ou uma lasagna ou mesmo um belo strognoff ou uma carnes assadas em geral.

Vinhos doces – Estes vão bem com sobremesas e a regra aqui é que o vinho tem que ser tão doce ou até um pouco mais doce do que a sobremesa, se não a sobremesa atropela o vinho. Ainda, comidas untuosas e salgadas também vão bem com vinhos doces e aqui a dica é queijo gorgonzola ou roquefort, neste caso a harmonização não ocorre por similaridade mas sim por oposição, sendo que um irá atenuar o outro.

 

 

 

 

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