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Sabores

No coração do Ipsep, um pedacinho da Bahia

Encrustado no meio de uma vila de casas, o Tabuleiro do Baiano tem acarajé e hospitalidade ímpar

Petrúcio AmorimPetrúcio Amorim - Foto: Juelayne Gondim / Divulgação

 

No coração do bairro do Ipsep, uma casa de fachada amarela chama a atenção não somente pela cor vívida da tinta na parede, mas também pelo gradio recoberto com dezenas de fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, sinalizando que ali o sotaque é soteropolitano tal qual o tempero da sua comida feita ali. Há quatro meses, o simpático casal Bethânia de Souza, ela, pernambucana, e Soane Lavigne Céu - conhecido como Bruno - ele, baiano de Ilhéus, toca o aconchegante Tabuleiro do Baiano, com um cardápio que sintetiza a culinária base da terra de Bruno a bons preços e porções graúdas. Uma categoria representando Pernambuco também integra o repertório, tendo a carne de sol preparada no próprio restaurante como carro-chefe.

Mas nada que tire o brilho dos ótimos acarajés de massa aerada, crocantes e sequinhos por fora, servidos com os acompanhamentos separadamente para o cliente montar do jeito que achar melhor, em duas possibilidades: individual, robusto, quase do tamanho de um hambúrguer, a R$ 12, e em versão com seis bolos médios a R$ 29,90. Peça uma cerveja gelada para acompanhar ou uma das cachaças especiais selecionadas pelo simpático anfitrião. Não subestime o bom gosto do apreciador. Para começo de conversa, lá é um dos poucos lugares do Recife que vendem a atual melhor cachaça do Brasil, a Porto Morretes Premium, produzida no Paraná, a R$ 14,90 a dose. A pernambucana Sanhaçu, orgânica, também premiada, é outro rótulo que merece reverência dos bebedores. Mas a lista de branquinhas é longa com doses a partir de R$ 2,90.

Voltando à comida. O peixe na telha é sugestão que não leva dendê, mas todos os temperinhos naturais comuns dos preparos típicos com frutos do mar, e serve bem quatro pessoas. Acompanha legumes salteados, arroz e pirão, e custa R$ 109,90. As moquecas de peixe, camarão e de siri estão disponíveis em versões para duas e quatro pessoas. E sob a batuta do chef Israel Soares ainda saem das panelas do Tabuleiro peixada, morangas recheadas, ensopados de aratu, sururu e até de ostra, moquecas à moda da Bahia - entenda que há dendê como um dos insumos principais. Para ampliar a dúvida sobre o que escolher, o arroz de polvo com camarão é delicioso, molhado, e, sobretudo, traz pedaços do moluscos macios, suculentos. Para quatro custa R$ 89,90, para 2, R$ 54,90. Pratos comuns ao paladar do recifense encorpam a presença pernambucana: escondidinhos e arrumadinhos. Segundo o chef Israel, todos os temperos são naturais, industrializados não entram em nenhum preparo, até o leite de coco é extraído na cozinha do restaurante. Mais um ponto para a casa, que tem a dupla de cicerones dos mais animados.

Antes de ir embora, o casal completa o ritual de passagem pelo restaurante de uma forma singular: entrega a cada cliente uma fitinha do Nosso Senhor do Bonfim, para serem amarradas nas grades-janelas do restaurante, garantindo bons fluídos para os pedidos feitos. E se as intenções forem alcançadas, “nos avise”, pede Bethânia. Em tempo. Todas às terças-feiras tem clone de acarajé.

 

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