Passaporte gastrô
Comer e viajar são prazeres que, juntos, soam até redundantes.
Difícil definir o que começa e termina primeiro no roteiro de quem percebe o quanto uma comida pode contar a história de um lugar. Ao turista é dado esse privilégio de tentar. Arriscar algo novo em um CEP diferente. E não ache que o noticiário político e econômico dos últimos tempos tem desanimado os viajantes de plantão. Dados oficiais dão conta de que no ano passado o número de turistas no mundo aumentou em 4%, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), que considerou esse quantitativo expressivo, apesar das instabilidades.
Tem pimenta no cardápio
O prato que a empresária Manu Lisboa mais gosta diz muito sobre o destino que ela costuma visitar pelo menos duas vezes ao ano. O ceviche, com seus cubos de peixe cobertos por caldo cítrico, é a pedida de maior saída no Peru. Com ele vai outro ícone da cozinha andina, o aji amarillo, que é a pimenta consumida sem moderação do tipo fresca, em pasta ou seca, apontando o quanto as pessoas de lá gostam mesmo de sabores marcantes e de temperos exóticos. Está em praticamente tudo. “Mas para começar bem, sugiro uma parada no La Mar, em Miraflores, por ser um lugar que representa bem o frescor dos ingredientes locais e ainda estar em um ponto estratégico de Lima”, aponta.
Um petisco e um chope, por favor!
Se o botequim é o Q.G. do boêmio carioca, então é lá que o turista tem que estar. O entra e sai de pessoas com um prato ou bebida na mão é a bagunça organizada que não falta nas idas da jornalista e pesquisadora de gastronomia, Renata do Amaral. Esse clima despretensioso reunindo tudo no mesmo lugar é herança de imigrantes portugueses que se tornou um atrativo de ponta a ponta do Rio. A começar pela visita a um endereço tão tradicional como o Bracarense, no Leblon, onde petiscos e sanduíches caem bem com chope ou caipirinha. Não menos tentador do que o famoso bolinho de feijoada do Aconchego Carioca, com unidade na Praça da Bandeira, na área Central. Mas se a vontade for outra, quem sabe acatar uma nova sugestão de um amigo ou a dica encontrada na internet? O #ErreJota não para, e Renata tenta acompanhar.
Compra exótica no mercado
Se a gastronomia local salta aos olhos de um turista comum, imagine para um chef de cozinha em visita a países remotos. Tudo é mais intenso no roteiro e nas provas de Alcindo Queiroz, do Patuá. Ele, que tem passagem por lugares como Jerusalém, Jordânia e Líbano, descobre as melhores ofertas a partir de uma pergunta simples a quem é de casa: “Onde se come bem por aqui?”.
Andar e conhecer novas ofertas
Cassio Moreira é o bon vivant que adora cozinhar e ter boas experiências gastronômicas entre uma viagem e outra. Para quem trabalha na área comercial de uma empresa de combustível, o lado gourmet se mostra no horário de almoço e jantar, quando suas escolhas são certeiras. “Em São Paulo, se me pedem sugestão de um hambúrguer tradicional eu falo do Joaquins, na Itaim Bibi. Mas se for comida regional (nordestina) tem o Mocotó, na Vila Medeiros”, comenta. O forte de Cassio é arriscar, conhecer lugares como a nova Bráz Ellétrica, pizzaria hipster na rua dos Pinheiros. “E fui sozinho”, completa.
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