Sabores

Quando a pizza tem alma e sabor italianos

Morosi Pizza e Forno é o melhor casamento entre Ceará e Itália

Massa fermentada por 72 horas é trunfo da pizzaiola CeciliaMassa fermentada por 72 horas é trunfo da pizzaiola Cecilia - Foto: Ed Machado

Há um ano, um empreendimento cearense com sangue italiano desembarcava no Recife, sem muito alarde. Era a Bellucci Gelateria, num belo casarão da Praça de Casa Forte, criada há quatro anos em Fortaleza sob o comando do casal Afra e Andrea Belluci - ela, natural do Ceará, ele, da cidade de Peruggia.

Somente com a vinda para a Capital pernambucana, em 2018, os sócios expandiram o projeto gastronômico focado em gelatos à moda italiana: deram vida a uma marca de pizzas, a Morosi Pizza e Forno, que compartilha salão, atendimento e o expertise técnico impressionante, antes aplicado exclusivamente na confecção dos sorvetes. De olhos fechados, digo que é a melhor pizza que conheço nos limites pernambucanos.

É servida em formato entre retangular e quadrado, com massa saborosa e poucos ingredientes na cobertura - como reza a tradição das pizzas da Itália, independente da região. É o caso da mais vendida, a diavola - com molho de tomate, muçarela de búfala, salame picante e azeite de pimenta calabresa.

Podem ser solicitadas em três tamanhos. Funciona no sistema de autosserviço e se indica comer com as mãos (há luvas disponíveis), que eu sempre dispenso, pois sou do time de gente que adora se lambuzar com comida boa. Funciona no mesmo espaço da Bellucci, cujos gelatos acabam sendo a sobremesa obrigatória pós-pizza.

O PULO DA GATA

Explico logo meu entusiasmo. O casal “importou” para o Brasil Cecilia Morosi, irmã de Andrea, uma jovem de 27 anos, formada pela Cast Alimenti - la Scuola di Cucina, localizada na cidade italiana de Brescia, onde mergulhou no universo dos fermentados.

E é justamente nos processos de fermentação que Cecília esbanja domínio, algo que está no sangue também: “Minha mãe dava aulas de cozinha natural, desde cedo tive contato com alimentos fermentados”, lembra a pizzaiola, que também distribui simpatia e abraços com a clientela.

Para se ter uma ideia de como pizza é coisa séria na Mo­rosi, vamos a alguns detalhes. A mas­sa da casa passa 72 horas fermen­tando - essa etapa é a mais impor­tante, na qual o alimento sofre modificações físico-químicas que resultam em leveza, melhor digesti­bilidade e sabor.

A gente come a mas­­sa assada pura e é deliciosa. Não fosse o bastante para a massa da Morosi sair na frente, ainda tem uma questão fundamental levada em conta.

Cecilia
utiliza a farinha Molino Grassi, uma das mais reputadas do mundo, e outros tantos ingredientes de primeira qualidade - como o seu molho de tomate italiano, espremendo os frutos na mão, tempera com sal, orégano e pimenta calabresa. É impecável. E um tanto de azeite na massa.

Não para por aí. A profissional, que quase se formou em Medicina, utiliza nada menos que três levains (fermento natural) na produção de pizzas e pães. Dois deles são heranças familiares - sim, eles vieram da casa dos Morosi, um tem 150 anos, o outro 260. E um mais novinho, extraído do mamão.

Se tudo isso não servir de isca para te levar, caro leitor, a uma fatiazinha na Morosi, vá pelo sorvete, é igualmente incrível.

GELATERIA POR VOCAÇÃO
Bastou juntar a habilidade italiana em fazer sorvete com o calor dos trópicos, para a Bellucci acertar num produto cremoso, feito com a própria fruta, que faz o público se debruçar no balcão com os olhos arregalados.

Na parede, cerca de 50 sabores são divididos entre soja, oleaginosas, ovo, glúten, leite, vegano e speciale. O de pistache ganha na preferência, e Cecilia Morosi diz que o motivo é a matéria-prima vir direto de Bronte, na região da Sicília, “onde é produzido o melhor pistache do mundo”, garante.

Na combinação entre insumo e maquinário adequado, estritamente italiano, a produção consegue ain­da equilibrar o percentual de gor­dura e a quantidade de açúcar na receita. Pontos básicos na preparação de um bom gelato.

Na rotina, a equipe faz os cremes com uma ba­se específica, que depois recebe a fruta ou outro ingrediente. “O cui­dado que o Andrea tem nessa preparação é tão grande que nem muitos italianos conseguem fazer”, solta.

O copo pequeno com até dois sabores sai por R$ 13. Já o grande, com três opções custa R$ 18. Quem preferir o formato tradicional, a casquinha média fica por R$ 15 com direito a duas bolas. Para incrementar, uma torneira de chocolate orgânico derrama calda sobre o sorvete por mais R$ 2.

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Quando escolher, esqueça referências mirabolantes e de nomes difíceis. Por lá, a lista inclui graviola, nocciola - avelã original do Piemonte -, Romeo e Julieta, iogurte com calda de amora e o tradicional tiramisù com creme de queijo mascarpone, biscoito, café brasileiro e pedaços de chocolate.

SERVIÇO
Morosi Pizza e Forno e Bellucci Gelateria
Praça de Casa Forte, 426, Casa Forte
Informações: 3877.7290

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