Saiba quais são os efeitos do 'terrorismo nutricional'
Repreender quem sai da dieta é atitude que causa transtornos à saúde
Do lado de fora do Big Brother Brasil 22, a esposa do participante Arthur Aguiar, a especialista em emagrecimento Maíra Cardi, viralizou na internet por repreender o marido pelo consumo de um alimento em específico dentro do reality. “Amor, você não podia ter comido pão. Você acabou de destruir todo o trabalho que eu fiz no seu corpinho. Nove quilos se foram à toa?”, diz o trecho de um vídeo postado na rede social. Entre vários memes e posteriores justificativas sobre a puxada de orelha, pairou na web o debate sobre a linha tênue entre vida saudável e “terrorismo nutricional”.
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Passado x presente
O tema não é de hoje. Há tempos que a estética ganha espaço nos debates sobre emagrecimento, levando a situações questionadas pelos profissionais de saúde. Segundo a nutricionista Luciana Leocádio, o chamado “terrorismo nutricional”, apesar de ser um termo recente, tem uma longa história e surge a partir da década de 1960, com o início da classificação dos nutrientes em tipos “bons” e “ruins” pelos cientistas.
“Essa era do nutricionismo ou ‘terrorismo nutricional’ perdura até hoje e é dominada pelas mensagens nutricionais negativas de especialistas em nutrição ou não, como é o caso de Maíra Cardi e sua missão anti-açúcar/carboidratos, amplamente divulgada nas suas redes sociais. O problema do ‘terrorismo nutricional’ é que ele foca somente no nutriente isoladamente e esquece que a alimentação vai muito além disso”, justifica a especialista, lembrando ainda que fatores fisiológicos, nutricionais, sociais, econômicos e políticos afetam diretamente as escolhas alimentares. “Não é um nutriente isolado que determinará nossa saúde”, completa.
Como identificar?
Dietas que restringem radicalmente determinados alimentos ou grupos alimentares estão no centro da pressão nutricional. “Fazer dieta é, muitas vezes, contraproducente a longo prazo. Alguns dos efeitos são a desaceleração do metabolismo, aumento da fome e desejo por alimentos altamente calóricos. As dietas normalmente instruem você a comer certos alimentos, em quantidades limitadas, em horários específicos, de maneira calculada – independentemente do que seu corpo deseja ou precisa. Essa abordagem da alimentação atrapalha a capacidade das pessoas de perceber sentimentos de fome ou saciedade, exacerbando assim a dissociação mente/corpo que muitos que lutam com o peso já experimentam”, aponta Luciana. Para ela, esses são alguns dos gatilhos para a compulsão alimentar, ou seja, dieta, fome e emoções negativas.
Na prática, também está associada uma pressão psicológica que envolve castigo por um “deslize” na alimentação, como a compensação de ter que comer menos. Isso sem falar na observação de que alimentos possuem apenas um valor funcional, descartando vontades pessoais, memórias afetivas e o prazer de comer o que se tem vontade.