Alergia alimentar é tema da Semana Mundial da Alergia
Na cadeia alimentar, há 170 alimentos com potencial alérgico. Semana Mundial da Alergia chama a atenção para os riscos
A Wold Allergy Organization (WAO) e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) promovem até o próximo dia 13 de abril a Semana Mundial da Alergia, cujo tema deste ano é Alergia Alimentar. Mais de 170 alimentos são considerados potencialmente alergênicos e os casos tem registrado crescimento significativo nos últimos 10 anos.
Apesar de no Brasil, não haver estatísticas oficiais, estudos apontam que cerca de 8% das crianças com até dois anos de idade e 2% dos adultos sofrem com algum tipo de alergia relacionado à alimentação.
“A Semana Mundial é uma forma de conscientizar a população sobre a gravidade da alergia alimenta, que possui tratamento, mas é necessário ter o diagnóstico correto. Mesmo tendo uma incidência maior na infância a alergia pode surgir em qualquer fase da vida. É preciso desmistificar o assunto”, esclarece o presidente da ASBAI em Pernambuco, o médico Waldemir da Cunha Antunes Neto.
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Com nove meses de idade, os pais de Bernardo Martins Lira descobriram que ele era alérgico a proteína do leite de vaca. A mãe, Bárbara Angélica Martins Lira, tinha ofertado mamão com leite e após ingerir o alimento, Bernardo imediatamente começou a ficar inchado e com placas vermelhas pelo corpo.
“Levamos ele na emergência pediátrica e foi constatado que ele estava com alergia alimentar, e potencialmente seria a proteína do leite de vaca. Fizemos o acompanhamento e os exames de sangue confirmaram o diagnóstico”, afirmou.
As mudanças na rotina da família tiveram que ser radicais e o início da adaptação foi difícil. “Nem a esponja de lavar de pratos poderia ser usada em utensílios que tivessem tido contato com o leite. Tudo era separado. A medida que ele foi crescendo, passou a entender que não poderia comer certos alimentos e sempre busquei conversar com ele sem fazer terrorismo, passando a informação correta”, declara Bárbara.
A apresentação clínica da alergia alimentar é muito variável, com sintomas que podem surgir na pele, sistema gastrointestinal, respiratório e/ou cardiovascular. As reações podem ser leves, com simples coceira nos lábios, até mais graves, incluindo comprometimento de vários órgãos e potencial risco de óbito.
No caso do leite, principal alimento com potencial alérgico - seguido do ovo, trigo, soja e frutas, entre crianças e adolescentes, e crustáceos e amendoim na fase adulta - há uma distorção sobre o que é caracterizado como intolerância e o que é alergia.
“A alergia é uma reação imunológica do organismo quando você ingere um alimento e ele o interpreta como sendo algo estranho e acaba produzindo anticorpos para aquela proteína”, explica a médica alergista do Hospital das Clínicas (HC-UFPE) e da Alergo Imuno, Ana Maria Cunha. “A intolerância ao leite é quando a pessoa não possui a enzima chamada de lactase, que é responsável pela digestão da lactose. Então a pessoa ao ingerir sente dor abdominal, diarreia e flatulências”, finaliza.
Entre as principais causas do aumento da alergia alimentar nos últimos anos, segundo a especialista, estão à urbanização, as fórmulas artificiais e o parto cesáreo. “Com a urbanização nós diminuímos o contato com a natureza, além disso, os ambientes são limpos demais que diminuem o contato de bactérias importantes para o equilíbrio do nosso organismo.
Outra provável causa é a introdução de fórmulas artificiais no início da vida da vida. A prematuridade também é outro fator de risco e tem crescido muito”, pontua a médica Ana Maria.
Hoje, com 11 anos, Bernardo comemora poder comer um pedaço de pizza com queijo, brigadeiro e outros alimentos que aprendeu a recursar desde cedo por causa da alergia à proteína do leite de vaca. Em tratamento de sensibilidade há um ano, o garoto começou a introduzir pequenas doses de leite em seu organismo. A alergia não está curada, mas ele consegue ter contato com leite de forma saudável.
“Eu sabia que se mamãe dizia para não comer comida com leite era para me proteger, e quando algum amigo me oferecia sempre recusava. Não tenho problema com isso, e sei que agora posso comer alguns alimentos, mas em pouca quantidade. Sempre quis saber como era o gosto de sorvete, brigadeiro, pão de queijo”, declarou Bernardo. A ASBAI reforça a importância de procurar um médico especializado para passar o diagnóstico e tratamentos corretos.
Dúvidas
Quem tiver dúvidas sobre a Alergia Alimentar poderá deixar perguntas no Instagram da Folha de Pernambuco (@folhape). Durante a Semana Mundial de Alergia um especialista irá tirar todas as dúvidas a respeito do tema.