Zidane: decolagem avassaladora
Um dos maiores jogadores da história coleciona troféus e recordes em início de carreira promissor, desta vez à beira do gramado
A gestora acabou de completar uma semana à frente da prefeitura - Aline Sales
Ele não precisava. Seu nome já estava na história do futebol. Foi um dos heróis da França em 1998, ajudando no título da Copa do Mundo. Melhor jogador do planeta por três vezes. Quem viu, sabe que nem o maior dos elogios seria exagero para classificar a importância de Zinedine Zidane para o esporte. Então, por que enveredar para uma área que pune tão rapidamente quanto glorifica? Zidane foi gênio onde sabia que seria. Ali, no campo. Tinha talento e inteligência de sobra. Poderia se contentar com os louros da época de atleta. Mas o gosto pela vitória é inebriante e o comodismo não combina com o perfil de quem nasceu para fazer sucesso. Hoje, o francês segue quebrando recordes e acumulando troféus, mas na função de treinador. Em um ano à frente do Real Madrid, teve um desempenho avassalador. O mundo descobriu que há uma nova forma de encantar-se com “Zizou”.
Elegância sempre foi uma característica de Zidane. Nos gramados, era sinônimo do seu estilo de jogo. Fora dele, uma referência ao tradicional terno e gravata. Desde o dia 4 de janeiro, esse é seu “uniforme”. Após comandar o Castilla (equipe B do Real Madrid), o ex-jogador foi efetivado para assumir o posto de técnico do time principal, substituindo o espanhol Rafa Benítez. Indiscutível como atleta, o francês era uma incógnita no banco de reservas. Quase um ano depois, virou unanimidade.
Com a vitória por 4x2 diante do Kashima Antlers, do Japão, na final do Mundial de Clubes, Zidane ganhou seu terceiro título no ano - antes, vieram a Liga dos Campeões da Europa, perante o Atlético de Madri, e a Supercopa Europeia, contra o Sevilla. Na atual temporada do Espanhol, o Real lidera de forma invicta - 11 vitórias e quatro empates.
A temporada de Zidane comandando o clube merengue torna-se ainda mais impressionante quando se analisa o retrospecto na íntegra. Ao todo, foram 53 jogos, com 40 vitórias, 11 empates e apenas duas derrotas - o último tropeço foi contra o Wolfsburg/ALE, em abril, na edição passada da Liga dos Campeões.
Ao todo, são 37 partidas sem derrota, a maior invencibilidade da história do clube. O aproveitamento de 82,4% em 2016 foi superior, inclusive, ao do espanhol Pep Guardiola nos primeiros 12 meses à frente do Barcelona, há oito anos. Ultrapassar um dos melhores treinadores do mundo logo no início da carreira é um feito que engradece ainda mais o trabalho de Zidane. Na saudade de ver craques contemporâneos como o ex-camisa 10 francês, fica o alento de saber que parte da sua genialidade se transformou em aprendizado no futebol.