Black Friday no Brasil: Histórico e expectativas para 2019

O idealizador da Black Friday Brasil, Ricardo Bove, fala sobre uma das datas comerciais mais movimentadas do país.

Ricardo Bove, idealizador da Black Friday - Divulgação

A Black Friday se tornou uma data comercial famosa pelos descontos e promoções oferecidos pelos varejistas no comércio eletrônico, ganhando cada vez mais a adesão das lojas físicas também. Porém, é uma data originalmente norte-americana que foi incorporada no calendário brasileiro. Quem está por trás disso é Ricardo Bove, idealizador do evento no Brasil e diretor do www.blackfriday.com.br. Em entrevista concedida à reportagem da Folha de Pernambuco, Ricardo conta como conseguiu atrair a atenção dos lojistas e consumidores para o surgimento da Black Friday no Brasil, além das expectativas para esse ano.

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Como surgiu a ideia de trazer a Black Friday para o Brasil?
Começamos em 2009 quando lançamos no Brasil o primeiro site de cupons e ofertas, que é um conceito bastante norte-americano. Percebemos que o Brasil não tem o costume de cupons, apesar de ser um mercado bem relevante, mas o brasileiro adora um desconto. Então, em 2010 a gente trouxe para o Brasil a Black Friday, que é a grande data de vendas e de ofertas dos Estados Unidos. Lançamos majoritariamente no segmento online, na época estava acontecendo o ‘boom’ do e-commerce. O que aconteceu foi que 2010 e 2011 foram anos em que batalhamos para mostrar o conceito da data para os lojistas e para o consumidor. Em 2012 veio a primeira e grande explosão da data com 250 milhões de vendas em um dia, sendo que o normal é por volta de 50 milhões.

O faturamento da Black Friday vem crescendo a cada ano, como você avalia isso?
De 2012 até 2015, a Black Friday cresceu 100% ao ano, ela dobrou de tamanho ano a ano. De 2015 para hoje, por ela já ter um volume bem grande e também porque passamos por dois anos de crise, ela continuou crescendo em um ritmo menor. Nos dois anos de crise ela cresceu 10%, já no ano passado ela cresceu por volta de 20% e a previsão é que esse ano ela cresça mais 21%. Em 2018, o faturamento no dia pela internet foi R$2,6 bilhões e com essa expectativa a gente espera que chegue a R$3,1 bilhões esse ano.

Você acha que a Black Friday tem mudado a cultura do brasileiro em relação aos descontos e promoções?
Com certeza. O Brasil estava carente de uma data de descontos. Nós temos algumas datas comemorativas no Brasil como o Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia das crianças e principalmente o Natal, mas a característica dessas datas para o varejo é diferente da Black Friday. São datas que você compra para terceiros, para sua mãe, seu pai, seus familiares. A grande diferença é que a Black Friday é a data do “eu mereço”, as pessoas compram para si mesmas, os tipos de produto são diferentes. Historicamente, os mais vendidos são os smartphones, televisores e eletrodomésticos. O ticket médio que as pessoas gastam na Black Friday é consideravelmente maior do que elas gastam em um dia comum. Então isso mudou sim a relação do brasileiro com as compras e também a forma como ele compra na internet.

A adesão das lojas físicas tem sido positiva?
Nós vemos isso com positividade e naturalidade. Em um dia comum, as vendas do varejo físico são muito maior que do e-commerce. O e-commerce representa 4% a 5% das vendas do varejo físico. Até 2015, a Black Friday era majoritariamente online, 100% das vendas ocorriam pela internet. A expectativa esse ano é que as vendas do varejo físico represente 40%. Então é uma questão natural. Os consumidores já têm a data na cabeça e o varejo físico acaba aderindo ano a ano.mudou sim a relação dos brasileiros com as compras e também a forma como ele compra na internet.