Ritmo da Mercedes e motor da Ferrari equilibraram final da F1
Hamilton e Bottas ganharam as oito primeiras provas da categoria, mas o final do campeonato foi mais dividido
A temporada de 2019 da Fórmula 1 é encerrada neste final de semana, no Grande Prêmio de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, em uma situação curiosa. A prova final terá largada às 10h10 (de Brasília) do domingo (29).
Lewis Hamilton e a Mercedes garantiram os títulos por antecipação depois de abrirem uma larga vantagem, especialmente no primeiro terço do campeonato; no entanto, as últimas sete provas tiveram cinco vencedores diferentes, de três equipes distintas: o que faz o ano terminar com mais perguntas do que respostas.
Existe a teoria da conspiração de que a Mercedes "tirou o pé" depois de vencer as oito primeiras corridas da temporada, sabendo que os títulos de construtores e de pilotos seriam uma questão de tempo. Porém, numa tendência que vem se acentuando nas últimas temporadas, seu motor não tem sido desenvolvido na mesma escala dos rivais. E, depois de dominar a F1 desde o início da era V6 turbo híbrida, em 2014, agora eles já não têm o melhor motor da categoria.
Isso significa que eles têm visto os rivais –especialmente a Ferrari– conquistarem uma série de poles positions. Uma característica dos carros da Mercedes é que eles são projetados de maneira otimizada para andar com ar limpo, ou seja, liderando a corrida. Isso faz com que Lewis Hamilton e Valtteri Bottas sempre percam mais rendimento quando não estão na liderança –precisam, por exemplo, tirar o pé para que os freios não se superaqueçam.
Um carro que parece imbatível quando larga na frente, portanto, não tem o mesmo tipo de desempenho no meio do pelotão. Ainda assim, a Mercedes tem um trunfo em relação aos rivais: preserva melhor os pneus. Foi usando isso que Hamilton e Bottas conseguiram quatro de suas últimas cinco vitórias.
Neste fim de temporada, ainda há muitos questionamentos sobre como a Ferrari se tornou a dona do melhor motor da F1. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), inclusive, confiscou peças do motor ferrarista depois do GP do Brasil para avaliar uma suspeita levantada pela Honda de que eles têm um sistema engenhoso que permite o uso de mais combustível que o permitido em determinados momentos, o que daria uma vantagem especialmente na classificação.
De fato, a Ferrari tem o mesmo número de poles da Mercedes (nove) na temporada, sendo a maioria na segunda metade do ano, depois da introdução de uma evolução no GP da Bélgica, 13ª etapa. Também é fato que o carro ferrarista evoluiu desde que o time percebeu que o conceito adotado para este ano tornava-o muito instável na parte dianteira. Foi feito um extenso trabalho para a mudança deste conceito, com peças novas que começaram a ser introduzidas em junho. Mas foi apenas em setembro que os pilotos revelaram sentir a diferença, e isso coincide com o crescimento ferrarista.
Já a Red Bull arriscou trocar o motor Renault pelo Honda nesta temporada, e a aposta está dando sinais promissores. O número de vitórias ainda é inferior ao do ano passado (três em 2019 contra quatro em 2018), mas a evolução do motor japonês ao longo do ano foi notória, ultrapassando a Renault em termos de potência.
Para conseguir evoluir, no entanto, a Honda usou mais motores do que seus rivais, trazendo mais atualizações ao longo do ano. Isso significa que Max Verstappen e Alex Albon estão chegando ao final da temporada com motores com menos quilometragem, o que mascara parte da diferença para os Ferrari e Mercedes. Assim, ao mesmo tempo em que espera-se uma evolução ainda maior da Honda para 2020, é difícil ter a noção do quanto eles estão atrás no momento.
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A boa notícia é que o regulamento da F1 fica estável para o ano que vem, então tudo o que Ferrari e Red Bull aprenderam durante a temporada poderá ser usado em 2020, quando a Mercedes vai lutar para se tornar a equipe mais vencedora da história, já que nunca uma equipe conseguiu sete títulos consecutivos.