Novos Baianos incrementam sátira e irreverência do Enquanto Isso na Sala da Justiça
Grupo é uma das atrações da prévia, nesta sexta-feira (7), ao lado de Cordel do Fogo Encantado, Duda Beat e Sambão do Preto Velho
Pepeu Gomes sugeriu a letra de “Mistério do Planeta” para falar sobre contracultura e rebeldias - ou linguagem e comportamento nos tempos atuais, para dar um tom mais ameno à força que ainda impera da postura artística dos lendários Novos Baianos, referências ativas sobre liberdade de expressão em movimentos como a Tropicália. "Dentro da música brasileira, tudo isso sempre fez parte do nosso olhar, nossas canções são reverenciadas pelo público até hoje, por isso atravessamos décadas", ressalta Pepeu, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Ele, que ao lado de Baby do Brasil, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão e Dadi Carvalho, compõe o sexteto anárquico formado em terras soteropolitanas e que, logo mais à noite, no palco pernambucano do Enquanto Isso na Sala da Justiça, no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, revive os áureos tempos em que a música era (tão bem) utilizada como forma de manifesto.
Cordel do Fogo Encantado, Duda Beat e o Sambão do Preto Velho completam a line up da noite, que será ocupada por super-heróis e super-heroínas, no 25º ano de uma das prévias mais disputadas do Carnaval de Pernambuco.
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Na rebeldia dos idos anos de 1970, os Novos Baianos andavam armados de guitarras, cavaquinhos, violões, pandeiros e poesias. "Era nossa filosofia de vida", orgulha-se Pepeu. Munido desse mesmo arsenal, o grupo rememora nesta sexta-feira (7) a incontestável miscelânea de sonoridades que permeia Acabou Chorare (1972) - disco que, de longe, permanece como um dos mais expressivos da Música Popular Brasileira (MPB) e ganhou relançamento em 2017, com "Acabou Chorare - Novos Baianos Se Encontram", em formato de CD e DVD, pela mesma gravadora da época, a Som Livre.
"Será a base do nosso show, essa mistura de ritmos, que sempre foi uma característica muito forte dentro do nosso som. Eu, por exemplo, misturava Jimmi Hendrix com Jacob do Bandolim, aprendi a tocar cavaquinho e bandolim ouvindo frevos, e tocava "Vassourinha" no trio elétrico. Junto com o maracatu, os ritmos pernambucanos sempre fizeram parte da minha formação musical", conta o cantor e compositor, um dos mentores do grupo definido por ele como uma espécie de "exercício diário de solidariedade, respeito e música".
Como banda que mantém raízes fincadas nas influências da bossa nova de João Gilberto e, de acordo com Pepeu, como "artistas conscientes do tempo e que tentam manter a juventude mental em ação", o show para o Enquanto Isso na Sala da Justiça sugere que a edição da prévia em 2020 foi, mais uma vez, pensada para um público que preza pela irreverência das fantasias e reforço das sátiras, elementos que sempre caem bem na folia de Momo, não obstante às realidades vivenciadas nos últimos tempos, embora sejam elas a inspiração para as rebeldias típicas (e dignas) de um Carnaval.
"Sempre existiu uma relação saudável entre os Novos Baianos e o público. Somos uma banda brasileira que honra suas raízes, por isso esse legado continua vivo, passando de geração em geração", completa ele, que junto aos demais 'baianos' e "(...) pela lei natural dos encontros", vem com "Brasil Pandeiro", "Preta Pretinha", " A Menina Dança" e, claro "Mistério do Planeta", entre outras versões espetaculosas personalizadas pela banda.