Passageiros de ônibus ainda sofrem com assentos preferenciais

A reportagem da Folha de Pernambuco foi até o TI Joana Bezerra para verificar com os próprios usuários se algo mudou

Usuários relatam que ainda há muito desrespeito e falta de consciência sobre os assentos preferenciais - Lidiane Mota/Folha de Pernambuco

Com a determinação de tornar todos os assentos preferenciais para idosos, gestantes, lactantes, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e pessoas com criança de colo, se encerra nesta quarta-feira (11) o prazo para cumprimento para sinalização dos ônibus. É que a partir da próxima quinta-feira (12), todos os ônibus que circulam pela Região Metropolitana do Recife (RMR) precisam ter instruções de fácil visualização dos usuários contendo informações de que todos os assentos são preferenciais. A Lei Estadual já está em vigor.

A reportagem da Folha de Pernambuco foi então até o TI Joana Bezerra para verificar com os próprios usuários se a determinação está sendo cumprida. A grávida Cristina da Silva diz que a situação é complicada porque os usuários não cedem lugar. “Venho do Ibura para o médico. Quando vou trabalhar, também fico em pé. Uma vez ou outra na vida quando alguém reclama que tem uma grávida de pé que eu consigo sentar. Para mim não mudou nada, porque continuo em pé. Acho que estão me vendo, então não precisa pedir”, desabafa Cristina.

“Nem todos estão tendo consciência. Mesmo pessoas com criança de colo, o pessoal não levanta também. Está tudo do mesmo jeito porque ninguém sai do canto para preferencial sentar”, relata Maria da Nazaré, que usa o transporte público eventualmente.

Com uma criança de colo, Sabrina Helena, que está desempregada, sai de casa todos os dias e usa o transporte coletivo, em busca de uma oportunidade de emprego. No entanto, mesmo usando o ônibus todos os dias, ela afirma que não sabia da determinação. “Acho que vai da educação de cada um. Mas as pessoas não têm consciência e geralmente quando tem um preferencial no ônibus eles fecham os olhos para fingir que estão dormindo para não ceder o lugar”, detalha Sabrina.

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A reportagem também conversou com motoristas de ônibus, no próprio terminal. Eles relatam que os usuários não respeitam nem os assentos que são identificados na cor amarela. Eles dizem que os usuários só cedem o lugar em último caso e preferem não se envolver por medo de confusão.

Por meio de nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte informou que todos os ônibus da Região Metropolitana estão sendo adesivados sinalizando a preferência e que uma campanha está sendo elaborada com o objetivo de sensibilizar o usuário no sentido de ceder o local para a pessoa idosa, gestantes e pessoas com deficiência.

Desrespeito
Além disso, a reportagem ainda flagrou que dentro do terminal de Joana Bezerra muitos usuários entram no local pelo acesso de entrada dos ônibus sem sequer pagar o valor da passagem. Durante o tempo que a reportagem estava no local, não havia ninguém no local para fiscalizar a entrada. Funcionários do terminal, ainda relataram para reportagem que a situação é complicada também no local de desembarque dos ônibus, onde os usuários aproveitam para furar a fila.

Por nota, a Polícia Militar informou que realiza rondas nas áreas externas de todos os Terminais Integrados, além de incursões programadas no interior das estações. Essas iniciativas culminaram com a criação da Operação TI Seguro, que está em tempo integral nos terminais da Macaxeira e PE-15, o que vai ocorrer em breve com todas as outras estações, inclusive no Terminal Joana Bezerra.

Procurado, o Grande Recife informou que utilizar o transporte público sem o pagamento da tarifa configura crime previsto no Artigo 176, do Código Penal. O Consórcio ainda diz que realiza atividades de conscientização no sentido inibir este tipo de ação que muitas vezes ocorre de forma rápida e que traz prejuízos ao sistema de transporte público de passageiros.