Literatura

Editora Castanha Mecânica lança novo livro

“Apaguei a playlist/ comecei a dançar” reúne poesias em tom memorialístico

Livro reúne poemas - Divulgação

A editora pernambucana Castanha Mecânica, já reconhecida por seu trabalho no setor editorial, concentrou esforços e mesmo diante do cenário travado e de restrições gerado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) ou mesmo as proposições acerca da taxação dos livros encarados erroneamente pelo Governo Federal como “artigo de luxo”  realiza lançamentos de novos livros.  Se encontra em pré-venda, no endereço eletrônico https://pag.ae/7WhXg1o2K, o livro “Apaguei a playlist/ comecei a dançar”, que reúne poesias do autor e jornalista pernambucano Fernando de Albuquerque. Com 96 páginas, ilustrações do baiano Márcio Junqueira, edição e design de Fred Caju, o título reúne 13 poemas de tom memorialístico e recebeu menção honrosa no Edital de Chamamento Público, divulgado em dezembro de 2019 pela editora Castanha Mecânica.

De acordo com Fred Caju, editor da Castanha Mecânica, a ideia inicial foi diferente do que acabou acontecendo. “Eu pensei em publicar apenas um livro com o edital. No entanto me deparei com três obras instigantes. A de Fernando de Albuquerque me tocou por sua sensibilidade e por ser contextualizada num universo pop contemporâneo com um tom que não dissolve a identidade do autor entre as referências que o livro traz. Estava diante de um livro que precisava publicar”, afirmou.

Fernando de Albuquerque, autor da obra

Em "Apaguei a playlist/ comecei a dançar” a música é o fio condutor que costura a relação do eu lírico construído pelo autor com os 13 personagens que dão título a cada um dos poemas. “Para a composição do livro criei um eu lírico que, diante de uma situação limite, começa a realizar um inventário das diversas relações que marcaram sua existência até aquele ponto. Ele começa a avaliar a forma como lidou com essas relações, os sentimentos e as lições guardadas”, ressaltou o autor. Trata-se de uma obra com relações que envolvem perda, amizade, paixão, sexo e carinho com uma narrativa forte, dicção coloquial, recriação da vida cotidiana e opção pelo verso livre.

As referências musicais não ficam só nas epígrafes, permeando os versos, a ironia e a melancolia como polos que vão definindo as composições. Em “Ismael”, o autor reúne uma série de referências sobre as vivências da infância, a descoberta da sexualidade, o assédio tão comum, quanto criminoso, de adultos, e a primeira paixão. Ou mesmo quando no texto “Thiago” fica latente a necessidade da perda para a reconstrução da própria identidade.

Para o autor da obra, a produção é um aceno para a mudança.“Esse livro é, antes de tudo, um convite para nos despirmos daquilo que se acumulou em nossa consciência e nas nossas rugas. A experiência é o nosso trunfo, a tábua de salvação contra os erros e contra a inoperância de certas condutas. Mas ela não pode, jamais, ser o peso que nos impede de continuar e de nos reinventarmos. Não pode ser responsável pela continuidade e insistência no erro. Assim, o eu lírico criado viaja de forma profunda pelo seu catálogo de bons e maus encontros para logo depois se entregar à catarse”, comentou.

“Apaguei a playlist/ comecei a dançar” traz um depoimento forte, mas completamente despido de falsas grandiloquências sobre temas de grande importância para o homem de hoje, como o tempo, a memória, a maturidade, o abandono, o encontro e a perda. É um livro acessível, sem deixar de descortinar um mundo de refinadas referências literárias e culturais, como é possível atestar de forma clara a presença de Herman Melville, Albert Camus, Anton Tchecov, Carlos Drummond de Andrade, Jesus Martín Barbero, Umberto Eco e mesmo obras dos cineastas Wong Kar Wai e Ingmar Bergman. O livro tem prefácio do escritor pernambucano Cleyton Cabral. Acima de tudo, é um movimento de resistência em um momento em que a literatura está sob graves ameaças.