Lançamento

Livro revela o Nordeste através da comida

Livro “Identidade Comestível” é lançado, nesta quarta, com transmissão pelo Youtube da Fundaj

Livro Nordeste - Identidade Comestível - Divulgação
O livro “Nordeste - Identidade Comestível” demonstra que o homem consegue contar sua história através de hábitos e alimentos servidos com ares de pertencimento. A obra da editora Massangana, munida de informações etnográficas das nove capitais da Região, será lançada hoje, a partir das 10h, no canal do Youtube da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), como fruto de pesquisa do Museu do Homem do Nordeste (Muhne).
 
O trabalho tem coordenação da antropóloga do Muhne, Ciema Mello, realização e textos do jornalista e antropólogo Bruno Albertim e fotografias de Emiliano Dantas. Trata-se de uma verdadeira expedição da cultura alimentar, representada por homens e mulheres que preservam a essência de costumes até então banais do seu cotidiano. Foram mais de 11mil quilômetros percorridos ao longo de dois anos, encerrados em 2014. O resultado é um produto robusto de 500 páginas, dividido em dois volumes, e abastecido pela convivência rica com a população situada além das capitais.
 
Embora existisse uma pré-produção, a estrada levou a equipe para situações peculiares, resultando no que o escritor chama de percepção pragmática para a existência de vários Nordestes, com diferentes tempos e práticas alimentares hereditárias. “Estava entre Piauí e Maranhão, quando descobri em campo algo que ouvia das minhas avós, ainda criança, de que havia a prática do leilão de comida para arrecadar fundos beneficentes. E eu achava que isso nem existia mais”, lembra Bruno, ao recordar o fato durante visita a uma comunidade no Maranhão, onde Seu Antônio se diz o único a produzir e vendedor da verdadeira tiquira - uma bebida ancestral destilada à base de mandioca. “E, nesse lugar, além de descobrir que a população tinha se tornado evangélica, por isso a iguaria era oferecida apenas para turista, soube que haveria um leilão de comida no sítio de uma mulher”, completa.
 
Entre o concreto e o improvável está a validação de hábitos que passaram a conviver com o toque do mundo contemporâneo. É assim na produção do queijo de coalho artesanal, no Agreste de Pernambuco, que revela processos que há tempos embasam um possível selo de Denominação de Origem (D.O.), como acontece com os produtos europeus certificados. Em Caicó, no Rio Grande do Norte, o jornalista conheceu a fama da “melhor carne de sol do Brasil”. “Mas perguntei a um marchand de lá, por que tão boa? E ele me fez acompanhar um processo de abate do boi às cinco da manhã”, destaca. Na viagem, não deixam de aparecer pratos icônicos, como quiabada, galinha de cabidela, bolo Souza Leão, bolo de noiva, entre outros, com espaço dedicado à receita.
 

 
Ao longo dos textos também é feita a ligação direta com pensadores e nomes ligados à história da alimentação no Brasil e no mundo. No prefácio, a pesquisadora e escritora, e colunista da Folha de Pernambuco, Maria Lecticia Cavalcanti lembra Gilberto Freyre, sociólogo fundador da Fundaj, que abordava os valores que formaram a identidade do Nordeste e que realizou o 1º Congresso Regionalista, defendendo a culinária e a doçaria nordestina. Já para a coordenadora da pesquisa e antropóloga, Ciema Mello, “Nordeste - Identidade Comestível” é um projeto corajoso e fiel ao seu contexto. “Faz parte do perfil ativo do Museu do Homem do Nordeste de ser proativo e de não se fechar, agregando aliados e amigos para o longo desse percurso importante de nove estados”, defende.
 
SERVIÇO
Lançamento: “Nordeste - Identidade Comestível”, durante a Semana do Patrimônio da Fundaj
Hora e onde: às 10h, no Youtube da Fundaj
Televendas (Nordeste - Identidade Comestível): 3073.6317
Valor: R$ 70