Pensei nisso quando estivemos recentemente, em Portugal. Um país adorável. Pela acolhida generosa de sua gente.
Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo - Divulgação
Gilberto Freyre sonhou fazer “um mapa culinário do Brasil, fixando as principais especializações regionais da cozinha nacional” - em Mapa Culinário do Brasil, na revista “O Cruzeiro” (1951). Nesse mapa estariam necessariamente presentes, por exemplo, caldeirada de tambaqui do Amazonas, pato no tucupi do Pará, panelada do Acre, arroz de pequi goiano, tutu com feijão e torresmo mineiro, arroz Maria Isabel do Piauí, baião-de-dois do Ceará, carne de sol do Rio Grande do Norte, fritada de caranguejo da Paraíba, pitu de Pernambuco, sururu de Alagoas, vatapá da Bahia, moqueca capixaba, feijoada carioca, cuscuz paulista, barreado paranaense, churrasco do Rio Grande do Sul. E tantos mais.
Pensei nisso quando estivemos recentemente, em Portugal. Um país adorável. Pela acolhida generosa de sua gente. Pela beleza diferente do lugar, com o sol nascendo na terra e se pondo no mar. Pela arquitetura com traços de história. Mas, sobretudo, por seus sabores tão especiais. Entradas como: fava-rica, ovos mexidos com farinheira, pataniscas de bacalhau, peixinhos da horta, santola recheada. Sopas para todos os gostos: de feijão verde, de feijão branco com bacalhau, de pedra, de poejos com ovos, caldo de pobre, caldo verde, canja de perdiz, tomatada. Açordas também: de alho e pimentos, de bacalhau com tomate, de marisco, de camarão. Migas de batata, de tomate, de aspargos, à alentejana. Mais arroz de cabidela, borrego assado, cabrito na brasa, chanfana de cordeiro, frango na púcara, galinha de tomatada, leitão recheado, mão de vaca guisada, perdiz de escabeche, perdiz estufada, pezinho de coentrada, sarrabulho, vitela assada no espeto. Além do bacalhau, claro, de muitas maneiras: albardado, assado, da consoada, à Assis, à Brás, à Gomes de Sá, à Lagareiro, à Margarida da Praça, à Zé do Pipo, roupa velha. Sem contar uma profusão de queijos, quase todos de ovelha ou cabra: Serra da Estrela, Azeitão, Serpa, Castelo Branco, de Nisa, de Évora, Terrincho, Rabaçal, São Jorge, do Pico. E talvez o mais saboroso de todos, o da Ilha (dos Açores). E doces - aletria de ovos, filhós, manjar branco, ovos moles ferrados, pastel de Belém, pastel de Tentúgal, papos de anjo, queijada de Cintra, rabanada, sericaia, tijolada, toucinho do céu.
Cada pessoa escolherá o seu próprio Mapa Culinário. Pratos que são especialidades de cada lugar. De cada restaurante. Passo agora para o amigo leitor as minhas preferências gastronômicas portuguesas. Indicando restaurante e cidade. Pedindo, desde já, que me “escrevam indicando quitutes que deem fama aos seus lugares de origem” - fazendo minhas as palavras de Gilberto Freyre.