Espécies invasoras retiradas do Jardim Botânico do Recife
Engenheiros florestais identificaram que, onde essas plantas cresceram, há a inibição química da germinação e desenvolvimento das nativas
Dezesseis sacos de 100 litros ou um volume equivalente a uma caixa e meia d’água. Esse foi o quantitativo de espécies de plantas invasoras coletado em meio à Mata Atlântica do Jardim Botânico do Recife (JBR). O trabalho, que deve se prolongar por um mês, foi concentrado na retirada de quatro espécies - a comigo-ninguém-pode, zebrina, jiboia e sanquésia.
Durante levantamento, engenheiros florestais do espaço identificaram que, nos locais onde essas plantas cresceram, há a inibição química da germinação e desenvolvimento de espécies nativas, um processo conhecido como alelopatia. Na última segunda-feira (6), a intervenção foi num trecho de 141 metros quadrados de extensão, ao lado do jardim temático de Plantas Tropicais, próximo à sede administrativa do Botânico. Simultaneamente, espécies nativas como pau-brasil, embira vermelha, xilópia e pau de jangada foram plantadas no lugar das exóticas.
Assim como a jiboia, a comigo-ninguém-pode, zebrina e sanquésia se reproduzem de duas formas - sexuadamente e assexuadamente - o que as tornam uma “praga biológica” para a continuidade da biodiversidade nativa. “Quando a espécie exótica se torna invasora é um grande problema. Até porque elas têm um poder de dispersão de sementes muito forte. Basta um pouco de espaço e luz solar para que elas dominem e disputem água e nutrientes com as espécies nativas.”
Como uma forma de reforçar a educação ambiental, principal proposta do Jardim Botânico, a gestão do espaço pretende colocar um “jardim do veneno”. A ideia é expor aos visitantes espécies comumente encontradas em quintais de casas que causam danos à saúde, além de serem invasoras. Um exemplo clássico, a comigo-ninguém-pode, é altamente venenosa e caso ingerida pode levar à morte.