Voz

Dia Mundial da Voz: canto lírico é uma das formas de explorar o instrumento natural

Data, celebrada no Brasil desde 1999, exalta as diversas funcionalidades da voz, inclusive a de cantar por ofício ou prazer

Canto lírico é uma das formas de explorar a voz - Divulgação

Jennnifer Oliveira, 26, é contralto. Há três anos, ela estuda canto no Conservatório Pernambucano de Música (CPM) e quando o pratica diz que “os problemas vão embora”. Já Yane Ramalho, 24, sonha em cantar em uma ópera. Dedicada ao canto lírico na mesma instituição, ela é soprano, a mais aguda das vozes femininas. Em comum a ambas, a voz, utilizada como meio principal de comunicação e como forma de demonstrar emoções.

 “Quando canto me sinto muito feliz, penso que a música é a forma de expressão mais sublime, quando as palavras não são suficientes, então cantamos”, define Yane, contribuindo para significar a data de hoje, Dia Mundial da Voz - celebrado no Brasil desde 1999 - e que, nestas linhas, é aclamada como instrumento ritmado por barítonos, sopranos, contraltos e tenores, tipos entoados no canto lírico e que, bem mais que o popular, requer potência quando entoado.



 

Tecnicamente, a voz humana traz inúmeras possibilidades, além de cantar. É dela que vem a fala, o riso, o choro, o grito, e tudo emanado das cordas vocais “em parceria” com pulmões, laringe e outros articuladores. Didaticamente, as vozes que podem ser ressoadas no canto lírico pelas mulheres são soprano, mezzo-soprano e contralto. Já os homens podem enveredar pelo baixo, barítono ou tenor - esta considerada a mais aguda. 

É ela que perfaz o timbre de Elias Marques, 30, que em 2021 conclui sua formação no Conservatório e segue, em paralelo a outras atividades, levando o canto para além da técnica apreendida desde cedo, em casa.

“Meu pai é regente de coral e eu cresci vendo a música ser feita ao meu lado. Considero que é a arte que faz com que consigamos transmitir ao outro aquilo que a gente sente, a realidade que conhecemos da vida, a beleza, a tristeza. Todas as pessoas deveriam praticar em qualquer de suas formas”, pontua ele que sugere, além do CPM, a Escola Técnica de Criatividade Musical (ETECM), na Rua da Aurora, o Conservatório João Pernambuco, na Várzea e o Centro de Educação Musical de Olinda (Cemo), como espaços de ensino de canto e, portanto, de arte (e de vida). 

Com referências na espanhola Montserrat Caballé e as brasileiras Bidu Sayão e Eliane Coelho, entre outros nomes, a mestra em Práticas Interpretativas - Canto, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e professora no Conservatório Pernambucano de Música e no Centro de Educação Musical de Olinda (Cemo), Elizete Felix, explica sobre os critérios de classificação de voz para o canto lírico. 

 

“Há vários a serem observados, como a extensão vocal, tessitura, regiões de passagem e outros. Por meio do estudo de canto, que é longo, professores são capazes de fazer essa classificação”. Ela complementa, afirmando que Jennnifer Oliveira, no contralto, pratica um dos tipos mais difíceis de voz. “É um dos mais raros em Pernambuco, assim como o baixo. Os estudantes têm suas vozes naturais e durante o estudo de canto a classificação vocal é feita. Ela e Yane (soprano) são muito aplicadas. São vozes promissoras”, elogia. 

 

Para Matheus Alvarenga, 24, barítono e aluno do CPM, “cantar pode se tornar algo sublime, além do prazer e do bem-estar que proporciona”. Estudante de música desde os 14 anos e grato pelo ofício tê-lo levado a eventos importantes País afora, ele segue se surpreendendo com o que extrai de seu próprio canto. 

 

“Por mais que possa ser parecido o som, cada voz é diferente e única. Eu poderia ter nascido tenor ou baixo, mas sou barítono - classificação de voz média masculina. E por mais que eu conheça a minha voz, sempre me surpreendo com o desenvolvimento dela, porque a voz é instrumento vivo e sempre em evolução”.