Clima

Canadá registra temperatura mais alta da sua história e tem mortes por calor

Ondas de calor estão se tornando mais frequentes por conta do efeito estufa

Idosos estão entre os que mais têm sofrido com as elevadas temperaturas - Jason Redmond / AFP

O Canadá registrou, nesta terça-feira (29), um novo recorde histórico de temperatura na localidade de Lytton, na Colúmbia Britânica, cerca de 250 quilômetros a leste de Vancouver. O país enfrenta uma onda de calor mortal que castiga o oeste canadense e o noroeste do Pacífico nos Estados Unidos.

"Às 16h20, a estação climática de Lytton informou sobre 49,5°C, mais uma vez batendo os recordes de temperatura diária e de todos os tempos pelo terceiro dia consecutivo (na segunda, os termômetros já haviam passado dos 47ºC)", publicou, no Twitter, o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, anunciando uma temperatura equivalente a 121 graus Fahrenheit.

Mortes
Dois escritórios da Real Polícia Montada Canadense (RPMC) na região de Vancouver anunciaram que pelo menos 69 pessoas morreram repentinamente desde a segunda-feira, quando a onda de calor atingiu seu pico de temperatura. 

“Acreditamos que o calor contribuiu para a maioria das mortes”, disse um comunicado policial, acrescentando que a maioria das vítimas é de idosos.

"Este momento pode ser mortal para os membros vulneráveis de nossa comunidade, especialmente os idosos e aqueles com problemas de saúde subjacentes", disse o porta-voz do Burnaby RMPC, Mike Kalanj, instando as pessoas a "verificarem como estão seus familiares queridos e vizinhos". 

A mensagem foi imediatamente reforçada pelo primeiro-ministro da província da Colúmbia Britânica, John Horgan: "Esta é a semana mais quente que os habitantes desta região já viveram", disse em entrevista coletiva. 

Vancouver, localizada na costa do Pacífico, há vários dias registra temperaturas acima de 30 graus Celsius, bem acima dos 21 graus que são a média nesta época. 

Cenário preocupante
“A duração dessa onda de calor é preocupante, pois quase não há trégua à noite (...) Essa onda de calor recorde aumentará o risco de doenças relacionadas ao calor”, alertou o Ministério do Meio Ambiente canadense em sua página sobre o clima . 

Além da Colúmbia Britânica, também foram emitidos alertas para as províncias mais orientais de Alberta, Saskatchewan e Manitoba, além de partes dos Territórios de Yukon e do Noroeste, no norte do Canadá. 

Condicionadores de ar e ventiladores estão em falta na região. As cidades abriram centros de resfriamento, além de cancelar campanhas de vacinação contra a Covid-19 e fechar escolas. 

A onda de calor também afetou cidades americanas ao sul de Vancouver no início desta semana, como Portland (Oregon) e Seattle (Washington), também conhecidas por seu clima ameno e úmido. Por lá, a temperatura atingiu os maiores índices desde o início de seus registros, em 1940.

Na tarde de segunda-feira, foram registrados 46,1ºC no aeroporto de Portland e 41,6ºC no aeroporto de Seattle, de acordo com leituras do United States Weather Service (NWS). 

A onda de calor, que provocou vários incêndios florestais em ambos os lados da fronteira EUA-Canadá, se deve a um fenômeno conhecido como "cúpula de calor", em que altas pressões prendem o ar quente na região. 

"As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases de efeito estufa aumentam as temperaturas globais. Elas começam mais cedo e terminam mais tarde, causando um impacto cada vez maior na saúde humana e nos sistemas de saúde", alertou nesta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial, com sede em Genebra.