Amores de perdição e de salvação
MONTANHAS DA JAQUEIRA - Am0or de Perdição e Amor de Salvação, de Camilo Castelo Branco (século 19), são dois clássicos da literatura portuguesa. Retratam os sonhos e as desventuras da condição humana e desumana. Camilo escreveu os livros quando estava preso numa cadeia em Lisboa, preso em primeira instância pelo crime de adultério. Era um urso pé de lã. Hoje receberia cachê milionário para escrever uma novela de televisão.
Amores de perdição e de salvação fazem parte da história da humanidade desde os tempos primevos, quando Eva traiu Adão com uma serpente. Existe uma tese de que ao menos 10 por cento dos degredados da civilização adâmica navegam na faixa da insanidade. Os fanáticos, os doidos e os devotos da corrupção confirmam essa tese. Sao as paixões de perdição. Quem não viveu um amor de perdição dispare o primeiro torpedo de WhatsApp.
Nesta Terra de Vera Cruz, terra da verdadeira Cruz, os corações auriverdes balançam entre os amores de salvação e os amores de perdição, mais para as perdições. São as sístoles e diástoles de que falava o general Golbery do Couto e Silva nos idos da anistia (1979). O Brazil vinha de uma década perdida de inflação, recessão e desemprego. Enquanto a inflação e a recessão galopavam, à noite a população aumentava.E nunca mais o País tirou o atraso.
Grandiosa mentira dizer que a mentira tem pernas curtas. A senhora mentira tem pernas do tamanho de um bonde e viaja com botas de sete léguas. Os mentirosos dizem que o Brazil é o País do futuro. Errado. Este é o País do passado, o País que tem saudades dos amores de perdição. Os cardiologistas falam na síndrome do coração partido - “takotsuba”, um aperto no coração. “Meu partido é um coração partido”, dizia o profeta Cazuza. A síndrome do coração partido é ter saudades da seita da corrupção e da herança nefasta de 14 milhões de desempregados. E também ter saudade da seita dos bovinos do futuro.
Mentira cabeluda, ou mentira barbuda, é dizer que a dinastia vermelha redimiu milhões de brasileiros da faixa da pobreza. O bilionário orçamento secreto de hoje é corrupção de mão cheia, nos conformes da lei do jeitinho.
O coração partido do Brazil sonha com alguns lampejos de salvação nas novas rotações e translações deste vale de lágrimas, de amores e de sonhos.
Jornalista
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