Novo bloco cirúrgico da Fundação Altino Ventura (FAV) é inaugurado no Recife
No primeiro dia de funcionamento, quatro pacientes realizaram cirurgias de estrabismo de alta complexidade
A Fundação Altino Ventura (FAV) inaugurou, nesta sexta-feira (25), o novo bloco cirúrgico do Complexo Hospitalar localizado no bairro da Iputinga, no Recife. Com 16 salas de cirurgia, e três em funcionamento, a expectativa é de que 500 pacientes a mais sejam atendidos a partir do mês de abril. No primeiro dia de cirurgias, foram realizados procedimentos de alta complexidade em quatro pacientes com estrabismo.
De acordo com a presidente do Conselho Curador da FAV e cirurgiã especialista em oftalmopediatria e estrabismo, Dra. Liana Ventura, as cirurgias realizadas nesta sexta foram de pacientes com problemas neurológicos que desequilibraram os músculos dos olhos, causando o estrabismo.
“Estamos inaugurando com casos desafiadores e complicados. Os pacientes têm o que é chamado de músculo extra ocular, causando diplopia, que é a visão dupla, o paciente vê duas imagens. Esse problema é muito impossibilitante e impeditivo porque impede que o paciente tenha qualidade de vida. Ele pode calcular mal quando vai caminhar e pode cair, se ele for dirigir, pode bater, então é muito importante que esses pacientes tenham técnicas cirúrgicas muito específicas e delicadas”, pontuou.
O agricultor familiar Antônio César Souza Santos veio do Sertão do Pajeú para realizar a cirurgia de estrabismo. Ele se queixava que enxergava as imagens duplicadas.
"Graças a Deus agora vai ser realizada a cirurgia. Estou sendo muito bem atendido desde o primeiro dia que vim aqui, por toda a equipe. Espero que seja uma boa cirurgia e que eu volte a enxergar normal, isso vai fazer muita diferença na minha vida, porque eu sou um agricultor familiar e sinto muita dificuldade de exercer as minhas atividades", pontuou o agricultor.
As cirurgias foram realizadas pelo professor de oftalmologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dr. Galton Carvalho Vasconcelos. Os procedimentos serviram de ensino para estudantes e para a equipe da fundação. Antes de cada procedimento, era realizada uma avaliação prévia e o professor explicava detalhes dos casos para a equipe.
“Eu estava fazendo um procedimento chamado de técnica ajustável em estrabismo. Fazemos a cirurgia e, no pós-operatório, com o paciente acordado, temos a possibilidade de ajustar o resultado obtido na cirurgia, com isso a gente tem um índice de sucesso maior e uma taxa de operação muito mais baixa. A gente fez isso com a fundação em colaboração com a UFMG e discutimos os casos em telemedicina. Os residentes das duas instituições puderam se especializar e ainda contamos com a discussão e participação de uma colega, Dra. Simone, na Flórida, nos Estados Unidos”, pontuou o professor.
Para o Dr. Marcelo Ventura, médico oftalmologista e presidente da FAV, o principal motivo para a instalação do novo bloco cirúrgico é possibilitar um melhor atendimento para quem utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS).
“A vitória de todo esse esforço é do Sistema Único de Saúde (SUS), isso fortalece e cria condições para que o SUS se torne cada dia mais viável. O SUS é um sistema de saúde social importante, o maior do mundo, óbvio que temos as nossas dificuldades, mas são exemplos como esse que mostram que é possível melhorar ainda mais esse processo de assistência social para aqueles que mais precisam”, destacou.
Com um sistema de alta tecnologia, todas as salas de cirurgia são compostas por pressão positiva, evitando que o ar externo se misture com o ar interno da sala, aumentando a segurança e diminuindo 100% o risco de contaminação no campo cirúrgico. Além disso, também foram instaladas estativas, que são torres colocadas dentro das salas para toda a parte elétrica ficar dentro do equipamento.
“Em relação ao nosso bloco, nós temos também dois postos de enfermagem, porque como ela é muito grande, temos duas entradas de paciente para garantir que eles não vão ter problemas na entrada. Também tem as cadeiras macas que o paciente entra no nosso bloco e nessa mesma cadeira ele vai realizar a cirurgia, e depois vai para a sala de recuperação na mesma cadeira e só levanta no momento da alta”, disse Jaqueline Viviane Alves de Oliveira, coordenadora do bloco cirúrgico.
O novo bloco cirúrgico realiza cirurgias oftalmológicas de média e alta complexidade, como catarata, glaucoma, estrabismo, retina, plástica ocular e transplante de córnea.
Quando todas as salas estiverem em funcionamento, cerca de 4 mil procedimentos cirúrgicos poderão ser realizados mensalmente, o que representa, em média, 50 mil cirurgias ao ano dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). O espaço será o maior bloco cirúrgico oftalmológico do País, com a possibilidade de realizar 20% das cirurgias oculares via SUS de todo o Brasil.
Para conseguir acesso à Fundação Altino Ventura o paciente deve se dirigir ao posto de saúde mais próximo da sua casa. O encaminhamento à unidade oftalmológica é feito por meio do setor de regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).